Combinou com os russos?

Opinião

Carlos Martini

Carlos Martini

Colunista

Combinou com os russos?

Copa do Mundo de 1958, o jogo era Brasil x URSS (a ex-União Soviética). O técnico brasileiro Vicente Feola fala no vestiário para o grande craque “Mané” Garrincha, o ponta-direita dos dribles desconcertantes.

“Garrincha, tu pega a bola entra pela direita e dribla o lateral, aí o zagueiro deles vem na cobertura e tu dribla ele também, avança e cruza à pequena área onde o atacante Vavá vai estar livre, porque o zagueiro saiu da área para te marcar. Vavá cabeceia e tá feito o gol!”

Garrincha escutou com a atenção as instruções, mas perguntou no final: “tá beleza, mas tu combinou isso direitinho com os russos?”.


Balão de ensaio

Para que não é pelo menos um pouco iniciado nas catacumbas lobistas brasilienses vale lembrar o significado da expressão: “plantar” ideias para ver as reações que provocam. Se colar, colou. Se não colar deixa pra lá.

Isso também costuma ser aproveitado como mera propaganda demagógica. Um tal governo anuncia que está “avaliando”, “projetando”, “pretendendo” fazer isso ou aquilo e joga logo na mídia. Sabem que muitos incautos leitores ou ouvintes já pensam que a obra foi feita, quando na real nenhum tijolo foi assentado e talvez nunca será.


Suor no rosto

Já observaram quantas histórias semelhantes com relação ao trabalho da atual geração que está chegando nos sessentinha ou setentinha? Começou a trabalhar quando? Com 15, 16 anos no máximo. Isso depois de uns cinco ou seis anos de trabalho anterior em empreendimentos familiares urbanos ou rurais. Alguém perdeu alguma coisa com isso? Alguém reclamou disso? Alguém guardou alguma mágoa por isso?

Pelo contrário, o que se vê e se ouve é contarem com justo orgulho essas histórias pessoais. Com reconhecimento aos pais e também como aprendizes em outras profissões e aos que abriram novos caminhos para a evolução pessoal e profissional. A minha começou com “longevos” 15 anos, minha primeira experiência profissional extra-familiar foi na então Souza Cruz, como office-boy. Que orgulho, cara! Que peito inchado!

Com o que sobrou do meu primeiro salário comprei uma máquina de datilografia Olivetti Lettera 22, depois uma eletrola portátil Philips, e mais tarde uma televisãozinha de 9 polegadas. A Olivetti guardei até hoje, não serve para mais nada, mas vai ficar bem guardada no baú das boas e gratas memórias pessoais.


SAIDEIRA

Boa noite da nona pro nôno:
– Vou dormir, eu te amo!
– Eu também…
– Também me ama?
– Non, também vou dormir.

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