Empresa criada há quatro anos por dois amigos apaixonados por motocross, a 4Win Racing Parts se tornou, em pouco tempo, uma das principais no ramo de motos off road. Com sede no bairro Conventos, em Lajeado, conta hoje com um portfólio de mais de 30 produtos comercializados e parcerias com diversos pilotos e equipes do país.
A trajetória da 4 Win Racing Parts foi narrada na edição dessa segunda-feira, 3, de “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Os dois sócios, Christian Wildner e Gian Martini participaram da entrevista e relataram porque decidiram apostar nesta área.
Tanto Wildner quanto Martini são naturais de Lajeado e tiveram inspiração na trajetória empreendedora das suas famílias. No caso de Martini, o pai tinha granjas de frango e a mãe foi gerente de uma instituição bancária por três décadas. “Sempre me espelhei muito neles, pela história de vida que não foi nada fácil. Foram muitos ensinamentos”, destaca.
Já os pais de Wildner tinham uma loja e, logo depois, uma escola de cursos de informática. “Na época, estava bem em alta e, com o tempo, se tornou uma coisa antiga. Se tornou um negócio inviável. Aí minha mãe foi trabalhar como professora na Univates e meu pai atua na parte de TI da Valecross”, pontua.
Entrevista Christian Wildner e Gian Martini • sócios da 4Win Racing Parts
“No início, eramos uma startup de fundo de garagem”
Rogério Wink: Como foram os primeiros passos de vocês no empreendedorismo?
Gian Martini: Desde pequeno eu tinha a ideia de empreender. Com 7 anos, tinha uma espécie de biblioteca em casa. Locava livros e gibis. Eu precisava ter meu próprio dinheiro, gerar minha própria renda, pois gostava de lanchar na escola. Aí deu certo, e ainda sobrava uma grana no fim do mês.
Christian Wildner: Meus tios tinham uma fábrica de móveis e, com 13 anos, eu já trabalhava lá para ganhar meu dinheirinho. Nunca me queixei disso. Foi uma das melhores experiências da minha vida, pois comecei a querer ir atrás do meu dinheiro. E, pelo meu dindo, que era bem conhecido nas competições de Velocross, comecei a me interessar pela parte de motos.
Wink: O que representou a formação acadêmica e as experiências profissionais para vocês?
Wildner: Eu estudei engenharia mecânica na Univates e foi algo muito bom. Foquei muito nos aspectos que pensei serem positivos para mim, em desenvolver produtos. O curso proporcionava isso. A universidade não entra a fundo em todos os detalhes, mas a gente aprende o caminho para chegar naquilo, e depois tem que correr atrás. Profissionalmente, trabalhei na Fruki como estagiário na parte de engenharia, e aquilo foi uma base muito boa. Depois fui efetivado.
Martini: Fiz administração de empresas na Univates e, como queria ter um negócio na área, pensei que seria importante. Depois, fui trabalhar na Valecross e na Léo Motos, que vendia peças para motos. Queria agregar conhecimento, ter contato com o pessoal que ainda não tinha. Uma experiência profissional ou fazer o que gosta antes de empreender é fundamental. Isso acabou encaixando bem.
Rogério Wink: Como foi o pontapé inicial na empresa? Quando nasceu a ideia?
Wildner: Quando estava no esporte, eu era aquele cara chato no meio da galera, que analisava as motos dos demais. Comecei a me importar com isso e via que o pessoal gostava das dicas que eu dava. Aí surgiu a ideia de bolar alguns produtos. Sempre fui muito crítico nessa parte. O primeiro produto que fizemos foi o filtro de óleo para um motor específico. E junto disso, já desenhava o disco de freio.
Rogério Wink: Qual a diferença que o piloto sentia no filtro de óleo?
Wildner: Era uma durabilidade maior do motor. Sentia a diferença no bolso. Quando andava em competições de velocross, o pessoal vinha olhar minha moto para saber o que eu usava. O piloto não era grande coisa, mas a moto era (risos).
Rogério Wink: Hoje, qual o produto mais recente de vocês?
Martini: O manete de freio, que é nosso último lançamento. Foi baseado no mercado brasileiro. É o comando da tua moto. Não pode ser uma peça desconfortável, que tu perde sensibilidade durante o uso. Fomos atrás de uma solução que o pessoal dos EUA e da Europa usam, que é produzir a peça por forjamento. Somos a única marca brasileira a fazer isso, o que é um diferencial. Agrega resistência ao produto e faz a geometria idêntica ao projeto.
Rogério Wink: E quem faz esses produtos?
Martini: Hoje, o projeto é nosso. No início, nós eramos uma startup de fundo de garagem. Boa parte da produção era terceirizada. Hoje, são 28 empresas que prestam serviços diretamente. O material chega semiacabado para nós.
Rogério Wink: Como foi a oportunidade de ter uma peça de vocês utilizada pela Honda Racing?
Martini: Quando começamos a empresa, vendemos para lojistas de todo o país. Em meados de 2020, saímos das nossas empresas para tocar o negócio. E o mercado Off Road não se desaqueceu. Num certo dia, um lojista de São Paulo me ligou e falou da oportunidade. Pediu discos de freio para uma equipe testar. Fomos lá e entregamos as peças. No dia seguinte, tiraram as motos para a corrida direto com os discos. Eles ganharam a corrida e o campeonato usando nossas peças. Isso mudou o jogo.
Rogério Wink: Por que deram este nome à empresa?
Wildner: Queria um nome que agregasse para a marca. Achei esse legal porque a tradução literal é “para vencer”. Um significado importante para nossas peças. Foi tudo feito pelos amigos que fazem trabalho fora de hora.