“O autismo não é uma doença”

ABRE ASPAS

“O autismo não é uma doença”

Um dos fundadores da ONG Azul Como o Céu, Rogério de Oliveira preside a organização não-governamental desde o ano passado. Pai de uma criança com transtorno do espectro autista, busca, por meio do trabalho voluntário, oferecer suporte e amparo às famílias que lidam com o preconceito e a falta de informação e preparo da sociedade em lidar com as diferenças.

“O autismo não é uma doença”
Divulgação
Vale do Taquari

Quando iniciou o teu envolvimento com a causa da conscientização sobre o autismo?

Meu envolvimento com a causa autista iniciou no ano de 2018, quando meu filho, aos 2 anos e 4 meses, recebeu o diagnóstico de TEA. Então, eu precisava buscar mais informações sobre o transtorno.

A ONG surgiu em 2019, fruto de uma demanda crescente na cidade. Como é a atuação dela atualmente?

Atuamos na acolhida das famílias que estão chegando a nós com essa nova e desconhecida realidade. Receber o diagnóstico positivo para TEA, por vezes, é um processo difícil e doloroso. A primeira providência é amparar, dar o suporte e nortear sobre quais medidas tomar. Orientamos sobre quais tratamentos e profissionais eles devam se dirigir. A Associação também oferece suporte jurídico quando necessário, através de profissional voluntário, sempre se baseando nos direitos legais, estipulados por leis federais, estaduais e municipais.

Nos últimos anos, tivemos avanços sobre o tema. Ao mesmo tempo, cresce o número de diagnósticos. Como encarar este cenário?

Nos anos 90, a cada cem crianças nascidas, uma apresentava o transtorno. Dados atualizados demostram uma progressão assustadora. A cada 36 nascimentos, uma apresenta traços de autismo, com uma estimativa de, até 2050, chegarmos a 1/1. Isso realmente é preocupante. Por isso, nossas ações focam principalmente em levar conhecimento sobre o assunto e buscar a inclusão e aceitação das diferenças por meio de campanhas públicas, redes sociais, rodas de conversa, palestras e material informativo impresso. O autismo não é uma doença. É um transtorno neural e não tem cura, porém pode ser amenizado com intervenções corretas de forma precoce. É primordial que as autoridades levem a sério esse assunto tão urgente.

Nossa cidade está preparada para atender às necessidades das crianças com autismo e de suas famílias?

Não só Lajeado, como quase todas as cidades do país não possuem estrutura adequada. Falta formação, informação e ações assertivas por parte dos governantes. Sabemos que não é fácil, mas estamos aí para contribuir. E seguimos com o propósito de termos nossa sede, onde possamos acolher as famílias, elaborar rodas de conversas, dar orientações, treinamentos e oferecer algumas terapias por meio de profissionais que nos auxiliam de forma voluntária. Precisamos que a concessão seja de um espaço público, pois assim conseguiremos verba estadual e federal para manter nossas ações. Aguardamos a empatia do Executivo de Lajeado, mas ainda não tivemos êxito. Porém, não podemos desanimar. Nossas crianças e adolescentes precisam de nós.

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