A cada cem estudantes do Ensino Médio no RS, 11 abandonam os estudos. O percentual é maior do que a média nacional. Neste estado que até bem pouco tempo atrás era referência em educação, tem-se o avanço de uma chaga social, muito ligada às desigualdades, cooptação para o narcotráfico, à criminalidade, além da informalidade no caso de quem escolhe o trabalho em vez do ensino.
Polêmica da terceirização em Lajeado
No Pense (Programa do Ensino e da Educação) da Rádio A Hora 102.9 dessa terça-feira, a secretária de Educação de Lajeado, Adriana Vetorello, e a coordenadora da Educação Infantil, Cláudia Caumo Leite, apresentaram os motivos para o chamamento de 270 assistentes educacionais (monitoria de ensino) na abertura do ano letivo sendo que há pessoas aprovadas no concurso público em Cadastro Reserva.
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A rede municipal de Lajeado atende mais de 11 mil alunos. Entre motivos distintos daquele que espera ser chamado para atuar e a necessidade de não deixar estudantes sem atendimento, há razões dos dois lados. O trâmite para nomear alguém ao quadro efetivo demora entre um mês até 45 dias. O estatuto dos servidores afirma: em caso de vacância de cargo (incluindo exonerações e aposentadorias) a prioridade é chamar do concurso.
Neste tempo, como fica a escola? O fechamento das turmas com aulas integrais? A crítica por parte do Sindicato dos Servidores é válida, deve ser analisada. Agora, e a dificuldade para os pais? Importante deixar claro, tanto a nomeação dos monitores para cargo efetivo quanto à possibilidade de contratar profissionais à educação por meio de terceirização ou acertos emergenciais são necessários.
Bolsa para estudantes
O governo gaúcho retoma o pagamento de R$ 150 para alunos carentes matriculados em escolas públicas. Pelos critérios, terão direito à bolsa aquelas famílias incluídas no cadastro dos programas sociais do Estado. O beneficiado precisa comprovar presença mínima de 75% nas aulas para receber o dinheiro. Inclusive o vice-governador, Gabriel Souza, esteve em Lajeado nessa terça-feira e, durante palestra na Acil, antecipou o propósito da iniciativa: “reduzir o índice de evasão escolar.”
Falta de prioridade para o ensino tem razão no capitalismo
Já antecipo: não sou contra o capitalismo. Não sou comunista, nem anarquista, nem nada disso. Qualquer um desses rótulos não me definem. Reafirmo o título dessa passagem pelo fato de: quando o dinheiro vem à frente do interesse pela intelectualidade, pela educação e pelo conhecimento, todos nós falhamos.
Quando é mais importante o tênis de marca, o telefone de última geração, ou qualquer outro bem de consumo, em vez da vontade de pensar por si próprio, de se tornar uma pessoa melhor e ter sabedoria para tomar as melhores decisões, há uma compreensão equivocada do que é a vida.
Se o estudante não vê na escola o caminho para um futuro melhor, se as aulas não provocam sua criatividade e ele não enxergar suas aptidões, há lacunas nas mensagens, seja dos professores, das famílias e da própria comunidade.
O período de pandemia deixou muito claro que o ensino não é a prioridade para muitos jovens e para muitas famílias. Aqueles que saem sem a certeza de que o ensino faz diferença, salvo raras exceções, terão poucas oportunidades para avançar enquanto cidadão e também em escala social.
