Do envolvimento no grêmio estudantil à liderança política e empreendedora no Vale do Taquari. A trajetória profissional de Rafael Fontana tem, no setor de eventos, sua grande essência. Com facilidade para construir relações, transformou a Lume em uma das principais empresas do ramo no RS. E também teve papel fundamental na consolidação do turismo regional.
Fontana detalhou o surgimento da Lume Eventos, bem como relembrou as origens familiares em “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Na conversa com Rogério Wink, também falou sobre o momento do turismo no Vale do Taquari, com o surgimento de empreendimentos como o Cristo Protetor e o Trem dos Vales.
O Meu Negócio recebe Rafael Fontana, diretor da Lume Eventos e coordenador do Trem dos Vales
Nascido em Encantado, onde reside até hoje, Fontana vem de uma família de origem italiana, que desembarcou na Serra Gaúcha, em cidades como Garibaldi, Bento Gonçalves e Coronel Pilar, e depois migrou para o Vale do Taquari. “Meu avô, Antônio Fontana, era de Coronel Pilar. Teve cinco filhos, todos agricultores. Mas meu pai depois se tornou profissional liberal”, comenta.
Da família, Fontana herdou a habilidade de construir boas relações, independente do meio em que estava inserido. “Meu pai era uma pessoa bem extrovertida, e minha mãe, que era doceira, tinha uma veia empreendedora impressionante, com um comprometimento do trabalho. Desenvolvi um pouco de cada e depois, as relações de amizade e o círculo de convivência me moldaram nesse formato”.
ENTREVISTA – Rafael Fontana• diretor da Lume Eventos
“O Trem dos Vales foi um desafio pensado lá atrás”
Rogério Wink: Qual a importância da educação formal na tua personalidade e no rumo da vida empreendedora?
Rafael Fontana: Te diria que tive alguns professores que foram referência, mas foi mais nas relações humanas, no conhecimento. E quando recebi o prêmio do Top 100, pensei um pouco na minha história, e lembrar do envolvimento na escola. Participei do Grêmio Estudantil Coração de Estudante, da Monsenhor Scalabrini. Foi naquela época que começou a nascer em mim a veia do evento.
Wink: O que aquela experiência te agregou?
Fontana: Nós trouxemos show do Nei Lisboa, fizemos evento estudantil estadual, entre outros. Depois, acabei num grupo de amigos, o Geração da Luz, e promovemos vários eventos. Até missas o padre nos chamou para fazer. Organizamos campanhas do agasalho, de medicamentos, fizemos até uma Semana Farroupilha. Eu era presidente e liderei esse processo. Aos poucos, essa veia foi despertando, mas ainda não enxergava evento como negócio ou atividade.
Wink: E a tua passagem pela política?
Fontana: Depois de uns cinco, seis anos nesse grupo, fui secretário de Saúde em Encantado. Foi um período de muito envolvimento na política. Aprendi bastante nessa atividade sobre a gestão pública, a burocracia e os desafios. Nem tinha Secretaria de Saúde no município, tivemos que estruturar ela do zero e dar uma resposta à comunidade. Depois, como vereador, tive um outro olhar sobre a gestão pública. Também me ajudou, mas não era a atividade que enxergava para mim.
Wink: Qual o foco do negócio da Lume?
Fontana: Ali por 2005, com o meu irmão, o Luciano, e dois amigos, começamos a discutir sobre montar um negócio de comunicação, eventos e assessoria. Aí surgiu a Lume. Naquela época não havia um meio de comunicação da região para falar com as pessoas de fora. Fundamos o Portal Região dos Vales, que foi o início de tudo. Mas aí começamos a nos desenvolver mais para os eventos, e a parte de assessoria que era mais empresarial se tornou uma escola e, posteriormente, numa marca, a LumeCEP. Eu assumi a parte de eventos, a qual me identificava mais. Desde então, são mais de 200 eventos realizados em 16 anos.
Wink: Como foi a estruturação dessa parte de eventos da Lume?
Fontana: No começo, fazíamos somente gestão de eventos e feitas. Depois, passamos a incorporar mais profissionais. Contratávamos e treinávamos. Na pandemia, não demitimos ninguém, mesmo sem eventos acontecendo. Essa atividade, por ser nova na região, demanda muita expertise. Hoje, são dez pessoas envolvidas.
Wink: Qual evento que foi marcante para você?
Fontana: Tem vários. A Suinofest foi uma alavanca para nós. Evento em casa sempre é desafiador, pois a cobrança e a expectativa são maiores. E a Estrela Multifeira também nos deu muita visibilidade. Nos dá prazer ver a satisfação do público que nos visita.
Wink: Qual a linha divisória para que, além do teu trabalho, o Trem dos Vales se efetivasse num grande projeto?
Fontana: Foi um desafio pensado lá atrás, e que por muito tempo não conseguíamos ajustar os interesses das partes. Aí, num momento, deu liga. Conhecemos a ABPF, que tinha todos os equipamentos necessários, e eles são apaixonados por trem. Conseguimos convencê-los a olhar para nossa região. Quando vieram, e conheceram nossa história e as empresas que estão estabelecidas aqui, perceberam o potencial e gostaram. Depois, conseguimos a autorização da Rumo. Nisso, a experiência em eventos me ajudou, pela relação de respeito, credibilidade e confiança.
Wink: E o Cristo Protetor?
Fontana: Não tem como falar do Cristo sem lembrar de uma série de acontecimentos que deram força para que isso se transformasse em realidade. Tudo nos levou para acertar. A partir da instalação dos braços e face, teve três momentos cruciais para que se tornasse uma marca: a conversa do prefeito de Encantado com o prefeito do Rio, as fotos do Sílvio Ávila, que rodaram o mundo, e o vídeo do içamento, justo numa semana em que o Cristo Redentor também era assunto. Aí, as pessoas começaram a ir até o portão querendo acessar. Iniciamos então com as visitas guiadas. Até hoje, já são 153 mil visitantes.