A cobertura mais crítica e analítica sobre o momento financeiro e administrativo da maior cooperativa do Vale do Taquari chegou tarde. Mas chegou. E chegou justamente por um alerta do próprio presidente da Languiru. No fim de 2022, Dirceu Bayer escolheu uma reunião aberta e pública da Amvat, diante de prefeitos e repórteres, para anunciar a demissão de mil colaboradores.
O anúncio, que impactou cruelmente milhares de funcionários e familiares de uma hora para a outra, acendeu o alerta na redação do Grupo A Hora. O pedido público de socorro repercutiu e muito entre repórteres, editores e diretores deste veículo de comunicação. E, como nos exige o bom jornalismo, nos debruçamos sobre o assunto e iniciamos uma busca incessante por informações concretas. O resultado inicial de toda a apuração foi a capa que ilustra esse artigo.
Desde então, o mesmo presidente que alardeou o Vale do Taquari com o anúncio quase catastrófico que levaria mais de mil pessoas para a fila de emprego decidiu atacar – e evitar – o mensageiro. A partir da primeira reportagem publicada pelo Grupo A Hora, que desnudou a situação financeira e apresentou as reais dívidas e compromissos com bancos credores, produtores, fornecedores e prestadores de serviços, o A Hora passou a ser o vilão para um pequeno grupo de pessoas ainda ligado à alta cúpula da Languiru
. Não nos abalamos com as críticas, sustentamos a informação sobre a dívida bilionária, comprovamos o montante na edição de ontem, e seguiremos em busca de informações fidedignas para os produtores e associados. Antes tarde do que mais tarde, o bom jornalismo foi cumprido com rigor. E, por óbvio, isso muito nos orgulha.
Atenção às associações de bairros
Há 12 anos, a disputa pela presidência da União das Associações de Bairros de Lajeado (Uambla) foi parar na justiça local. Havia uma briga danada – e política – para assumir a entidade representativa das periferias lajeadenses. Anos mais tarde, a Uambla foi extinta e deu lugar ao Centro de Apoio às Associações de Bairros da cidade.
Neste momento, quem corre risco de extinção é o próprio Centro de Apoio. E a razão pode estar ligada a processos judiciais do passado. Por outro lado, a disputa pela presidência de algumas localidades anda bastante acirrada. Em jogo, o poder político de influência sobre a comunidade local e, também, o controle sobre os ginásios esportivos.
TIRO CURTO
• O Ministério Público da Comarca de Venâncio Aires instaurou inquérito civil para investigar uma queixa encaminhada pelo prefeito de Boqueirão do Leão, Jocemar Barbom (PL). Segundo a denúncia, o gestor público “reclama em nome dos proprietários de aviários da cidade com problemas de fornecimento de energia elétrica pela RGE”.
• O mesmo Ministério Público abriu outro inquérito civil para investigar eventual “deficiência no fornecimento de água pela Corsan em alguns bairros urbanos de Venâncio Aires, especialmente, em alguns quarteirões do Bairro Cidade Alta”.
• A direção da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) está muito preocupada e pede ajuda para solucionar os recentes casos de vandalismo contra sua sede. Sobre isso, aliás, o governo municipal tem ampliado o número de câmeras de videomonitoramento na região do centro antigo. E precisa seguir avançando cada vez mais.
• A construção do pórtico de acesso ao município de Arroio do Meio está cada vez mais caro. O valor total já é próximo de R$ 700 mil. E a obra parece parada.
• Em Lajeado, e atendendo a um questionamento da vereadora Ana da Apama (MDB), o Executivo avisa que a “finalização do projeto do cachorródromo está prevista para ocorrer durante o mês de março”. Ou seja, deve chegar, no máximo, até o fim da semana que vem.
• Em tempo, Lula voltou ao poder com ares de negacionista. Ontem, sem qualquer prova ou juízo, disse que a ampla investigação da competente Polícia Federal (PF), que desencadeou um plano para sequestrar e assassinar diversos agentes públicos e familiares – entre eles, o ex-juiz e carrasco do petista, o senador Sérgio Moro –, era uma armação. “É visível que é uma armação do Moro”, afirmou o presidente, rindo e usando um boné da Marinha do Brasil diante das câmeras.
• Sérgio Moro respondeu. “Se o presidente não tem nenhum apreço por mim, pela vida humana, peço pelo menos que respeite a minha família“, disse o parlamentar, cobrando “decência”. Por fim, o trabalho da PF, desmoralizado por Lula, mobilizou 120 agentes e prendeu 11 criminosos ligados ao PCC em diversos estados do país. Tudo sob a tutela do diretor-geral da PF e do Ministro da Justiça, ambos nomeados por Lula.