Pode confessar, você já teve essa ideia sobre as mulheres no rugby? Já passou pela tua cabeça que esse não é um esporte indicado para mulheres? Caso sim, suponho que você tenha pensado isso por ouvir falar que o rugby é um esporte violento, perigoso ou bruto demais, e que as mulheres parecem frágeis para esse tipo de esporte. Eu até entendo esse pensamento, dado o julgamento equivocado que fazem do rugby, e por isso preciso te dizer: você está enganado. Redondamente enganado.
Existe um preconceito em relação ao rugby, independente de gênero, por ser conhecido como um esporte de intenso contato físico, logo, é compreensível que muitas pessoas estranhem a presença das mulheres em um esporte com essa dinâmica. Esse equívoco acontece, principalmente, por desconhecimento da prática do esporte, o que leva a certa resistência de adesão das mulheres, e também devido à ideia de fragilidade feminina. Ledo engano. A própria jornada das mulheres no rugby evidencia a sua garra, coragem e determinação, bem como sua competência e dedicação em fazer acontecer, independente do lugar que estejam ocupando. Ao contrário do que você possa imaginar, as mulheres têm feito história no rugby.
Vale mencionar que não existe diferença de técnica ou regras para praticantes mulheres, que, inclusive, treinam com os homens se preciso for. Obviamente dentro da sua limitação física, o que quero ressaltar é que as mulheres não se acanham, bem pelo contrário, elas entram em campo para dar tudo de si. Em muitos clubes, pela falta de atletas femininas para compor uma equipe, somado ao desejo de se desenvolverem no esporte, as mulheres se aliam aos homens na hora do treino. E da mesma forma como não existe estereótipo de atleta masculino para o rugby, não existe para as mulheres, independente de suas características físicas. Já falei por aqui, o rugby é democrático.
A título de curiosidade, a ADEACAMP, uma associação de esportes adaptados, formou uma equipe mista de rugby em cadeira de rodas, que conta com duas mulheres, e em 2022 foi uma delas que recebeu o prêmio de destaque por ter sido a atleta que mais se desenvolveu tecnicamente. No cenário nacional, a Seleção Brasileira de Rugby Sevens Feminino, criada em 2004 para a participação no Campeonato Sul-Americano de Rugby, venceu todas as 20 edições até hoje.
Nenhuma outra equipe latina supera a seleção brasileira feminina, que também participou de todas as edições da Copa do Mundo de Rugby Sevens, considerado o 3º maior evento esportivo do mundo. Eu tive a oportunidade de estar na Irlanda, em 2017, assistindo as melhores seleções do mundo, e garanto a vocês, as mulheres transbordam superação, força e talento. Esqueçam essa história de fragilidade feminina! As mulheres dão um show de rugby.
Infelizmente o rugby ainda não é amplamente divulgado, o que dificulta na desmistificação desse esporte tão valoroso, e a participação feminina nesse meio. A polêmica no título desse artigo serve para te trazer à verdade, as mulheres devem, sim, jogar rugby, e o fazem com maestria. Inspirem-se na força feminina e na sua grandeza de realizações por onde passam. O rugby é para todos e as mulheres são para o rugby.