“Esse é o país onde há maior possibilidade de se criar um mundo inteiramente novo. Caos não falta.”
Millôr Fernandes
O Brasil escolheu há anos derreter.
Derretemos a educação.
Derretemos os serviços públicos.
Derretemos a segurança pública.
Derretemos estradas, ferrovias, hospitais e presídios.
Derretemos também a autoridade. A autoridade do professor, a autoridade do policial, a autoridade dos pais e ultimamente inclusive a autoridade dos juízes e presidentes.
Nosso mundo político há muito derreteu. Chegamos até mesmo ao ponto de derreter dois presidentes: Derretemos Collor e depois derretemos Dilma.
E ao que tudo indica, derreteremos Bolsonaro.
A oposição quer ver o presidente nu, derretendo sua credibilidade e sua honra.
Apoio político? O quê já não derreteu custa cada vez mais caro.
Confiança da população? Será difícil manter falando sem pensar e tendo toda imprensa como inimiga.
Deixaremos ele derreter ou afundamos ele e tudo que tiver pela frente?
Depois de uma pandemia está todo mundo cansado e o Brasil já está derretido mesmo.
Até Lula voltou à cena como um daqueles filmes de terror onde o vilão nunca desaparece. Renan Calheiros passou de trambiqueiro à bussola moral da nação. E enquanto isso o Senado e a Câmara de Deputados repletos de anões morais, derretem.
E para a Suprema Corte, Gilmar Mendes à frente, restará outro caminho que não o derretimento?
Sobrará alguém sólido nesse país? Moro já derreteu faz tempo, Huck continua animador de plateia e o governador gaúcho Eduardo Leite terá muito mais a oferecer que suas opções de vida?
Não é a toa que o real derrete, os salários derretem e os preços só sobem. Que esforço será necessário para reerguer esse país! Que coragem! Que probidade! Onde encontrar alguém com esses requisitos e que ainda tenha equilíbrio?
O pior é que nada disso se vê no horizonte da política brasileira.
Apenas candidatos ao derretimento…