Nosso país inicia oficialmente com a chegada à Bahia das naus de Pedro Alvares Cabral. Nascia ali a lenda de um país de riquezas infinitas graças aos exageros do escriba oficial Pero Vaz de Caminha: “A terra é de tal maneira graciosa e fértil que, em se querendo, dar-se-á nela tudo”
Como os portugueses não eram muito dados ao trabalho braçal, usaram mão de obra escrava, primeiro dos índios e depois dos negros para explorar a jovem nação. Com isso, foi se formando uma sociedade de brancos no comando e índios, pardos e mulatos fazendo o trabalho duro como bem viu o “boca do inferno” Gregório de Matos: “A cada canto um grande conselheiro, que nos quer governar cabana, e vinha, não sabem governar sua cozinha, e podem governar o mundo inteiro.”
Os anos passaram e a sociedade local foi crescendo e alimentando desejos de independência. Mas, em 1820, os portugueses rebelados na cidade do Porto exigiram a volta da família real para Portugal.
Foi esse fato que desencadearia o dia do fico:
“Como é para o bem do povo e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico.” Em 7 de setembro do mesmo ano, o mesmo Pedro I proferiria outra famosa frase:
“Independência ou Morte!”.
Anos mais tarde sai o Pedro pai e fica o Pedro filho. Ele foi um homem culto e tolerante, mas conviveu até o último momento com o estigma da escravidão: “A emancipação dos escravos, consequência necessária da abolição do tráfico negreiro, não é senão uma questão de forma e de oportunidade.”
Pedro II se foi a República através do Marechal Deodoro da Fonseca que havia se preparado a vida inteira para a guerra, mas não para a paz. Inábil para a política, teve Rui Barbosa como seu ministro da fazenda e este retratou bem esse período: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
Foi assim que passamos pela República da Espada e depois pela República do Café com Leite para entrarmos nos anos Vargas. Com mão de ferro ele governou o Brasil por quase 20 anos até suicidar-se com um tiro no peito: “Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”
Mais anos passaram e vieram JK, Jânio, Jango e finalmente os militares que tomaram o poder em 1964. Em seu discurso de posse, Castelo Branco identificou quem considerava a causa dos males do Brasil: “Caminharemos para a frente, com a segurança de que o remédio para os malefícios da extrema esquerda não será o nascimento de uma direita reacionária, mas o das reformas que se fizerem necessárias…”.
Vinte longos anos depois foram embora os militares e retornaram os civis. Sarney quis dominar a inflação usando fiscais e, após ele, veio Collor que queria caçar marajás. Nenhum deles conseguiu colocar a economia em ordem e Collor ainda saiu pela porta dos fundos.
Depois deles tivemos um presidente cujo nome virou sigla, FHC: “O neoliberalismo aqui nunca teve chance. Este é um país muito pobre, e o Estado sempre terá papel importante na redução das diferenças sociais.” Apesar de ter iniciado muitos programas sociais, Lula que viria após é quem acabaria sendo reconhecido como o novo pai dos pobres: “A luta pela justiça social é o divisor de águas do desenvolvimento brasileiro do século 21.” Foi ele quem acabou de ganhar mais quatro anos para mostrar ao país como será lembrado no futuro: um engodo ou um injustiçado.