Em minha última coluna falei sobre “O meio esportivo e a influência nas aulas de educação física”, porém a escrita trouxe certas inquietações acerca do planejamento ( pensar pedagógico/objetivos) dos (Des)encontros entre o esporte de rendimento e o esporte nas aulas de educação física.
O estudante participante das aulas de Educação Física não necessita de especialidade física, técnica e tática no jogo na escola. O importante no ambiente escolar é que o professor construa possibilidades nas aulas de Educação Física para que o aluno se familiarize com o jogo e que tenha
autonomia para conviver com a modalidade esportiva que melhor lhe convier.
Paes, Montagner e Rodrigues (2009) falam sobre uma perspectiva inovadora da pedagogia do esporte: uma ênfase no olhar socioeducativo. Segundo os autores, a perspectiva socioeducativa caberá lidar com valores, princípios e modos de comportamento, centrando sua atenção em
compreender e possibilitar a medida em que o esporte, num mundo marcado pela indiferença, pelo egoísmo, pelas relações superficiais e pelo individualismo, poderá influenciar na transformação desse contexto e contribuir para a vida do aluno/jogador enquanto indivíduo mais crítico, ético, cooperativo, autônomo, tolerante, consciente de seus direitos e responsável por seus deveres como cidadão.
A transposição dos métodos de ensino dos clubes utilizada para as escolas (aulas de educação física) mostrou não ser eficaz, pois temos realidades completamente diferentes nestes dois espaços. Nos clubes, geralmente encontramos um grupo seleto de alunos, com biotipo físico e habilidades técnicas para o esporte e que, geralmente está buscando a atividade por meio do seu interesse. No caso específico do basquetebol, nestes espaços dispõe-se de materiais em grande quantidade e qualidade. Além disso, realizam-se treinos com duração apropriada à exigência do rendimento; quadras e tabelas de última geração que, além de qualificar o trabalho é um atrativo aos praticantes.
A proposta pedagógica utilizada no esporte voltado ao rendimento (equipes) não é compatível com os objetivos educacionais da escola para com as aulas de educação física. O produto final da utilização da mesma metodologia será a exclusão, o privilégio de uma minoria e alunos com total
desinteresse na aprendizagem do esporte. Entende-se que a criança não necessita de elementos que lhe deem especialidade quanto aos aspectos técnicos, táticos ou físicos do jogo de basquetebol, mas que os familiarize com estes. Isto porque acredita-se que o interesse da criança está mais próximo de jogar livremente, experimentar o jogo, conhecer e criar movimentos, conviver e brincar com outras crianças.
A iniciação de esportes na aula de educação física deve ser pensada de forma lúdica pelos professores, possibilitando que os alunos possam participar e desenvolver suas habilidades de forma espontânea. Nesta perspectiva, os alunos realizam movimentos e fundamentos não visando serem melhores que o outro ou com objetivo de maior rendimento, e sim, de forma lúdica, aprendendo e se divertindo. Nesta forma lúdica de ministrar as modalidades esportivas, os alunos se sentirão mais motivados e o processo para desenvolver habilidades motoras será facilitado (ANDRADE; SANTANA, 2013).
Balbino e Paez (2005) afirmam que “O ensino do esporte na Escola sugere que tenhamos cada vez mais perspectivas pedagógicas com natureza educacional, sendo necessário agregar às propostas os seguintes princípios: participação: é preciso jogar para aprender; cooperação: é preciso “jogar com”
ao invés de “jogar contra”; co-educação: aluno e professor devem jogar juntos; convivência: é preciso jogar respeitando as diferenças”.