Bastidores da reportagem

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

Bastidores da reportagem

A essência do jornalismo está em revelar fatos que muitos querem esconder. Com as transformações dos meios de comunicação de massa, as informações “inéditas” se tornam ainda mais difíceis, pois se encontram em diversas plataformas. Tanto que é muito comum ler uma notícia de algum grupo de comunicação e ela ser muito semelhante (para não dizer igual) à publicada em outra empresa ou portal.

Esse fenômeno vai além da imersão digital. Começou antes, talvez com a maior presença das assessorias de imprensa, tanto em repartições públicas quanto em empresas e organizações.

Neste ambiente de exposição, fica ainda mais difícil fugir das versões oficiais. Inclusive há uma carência de repórteres com o perfil de “rua”. Daquela busca incessante pela verdade factual, com capacidade de compreender diferentes acontecimentos para explicar com o máximo de exatidão aquilo que “forças ocultas” se esforçam em esconder.

Como repórter com 20 anos de experiência, busco sempre relembrar os princípios do jornalismo como ferramenta de cidadania. Além de todas as técnicas de apuração e redação, há dois conceitos que jamais podemos perder de vista. São eles que sustentam qualquer notícia, em especial aquelas que estremecem bases importantes da vida em comunidade. 1) Existe verdade naquele fato? 2) O tema é de interesse público?

(Foto: Filipe Faleiro)

Comprar o que é nosso

A reportagem da sexta-feira passada, em que o A Hora trouxe alguns fatos que cercam o comando da Languiru, foi um dos trabalhos jornalísticos mais difíceis de ser produzido. Foram ouvidas mais de 50 pessoas. A maioria pedindo resguardo de fonte.

Visitamos propriedades rurais, encontramos fornecedores, terceirizados – todos com muitas dúvidas sobre o futuro da cooperativa e com dinheiro por trabalhos a receber. Conversamos com a oposição e também com a atual gestão da cooperativa.

Tudo para conseguir chegar ao mais perto possível da verdade. Buscando evidências em meio a muitos boatos que correm nos bastidores.

O resultado foram três páginas de conteúdo. Entre críticas e elogios dos leitores, um fato me chamou muito a atenção. Estava em um supermercado e três pessoas conversavam sobre a publicação – uma senhora e dois senhores.

Um dos senhores disse: “agora é hora de ajudar. Vamos comprar só produtos da Languiru”.

Ao mesmo tempo em que se tratou de uma reportagem de fôlego, difícil e com muita repercussão, eu também estava tomado de um sentimento de tristeza. Pois sempre tive muito apreço pelas conquistas das empresas e cooperativas da nossa região.

A reação dele foi exemplar. Ajudar a Languiru. Esse também foi um dos propósitos da nossa reportagem. Acredito muito que a transparência sempre será uma força para termos uma sociedade melhor.

Estrelas do Conhecimento

Criada no ano passado, a feira de ciências Estrelas do Conhecimento almeja crescer e se tornar um evento regional. A proposta é muito positiva, de criar um espaço voltado ao ensino e educação, para valorizar os projetos dos alunos.

As filiações para redes de ensino e municípios estão abertas e encerram amanhã. Basta entrar no endereço estrelasdoconhecimento.com.br e fazer a inscrição. No ano passado, foram quatro dias de evento, com mais de 12 mil visitações e participação de 4 mil estudantes. Tudo em um dos lugares mais bonitos da nossa
região, no Porto de Estrela.

Infraestrutura das escolas e o mea culpa

A 16a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) atualiza o andamento sobre obras em colégios da rede estadual. Pelo diagnóstico há necessidade de melhorias urgentes em quatro escolas. As demais 82 apresentam alguma necessidade de obra, mas com condições de receber os alunos.

Faço a consideração devido a um apontamento muito pertinente por parte da CRE.

No dia 14 de fevereiro, a linha de apoio da capa do jornal trouxe uma informação que não condizia com a matéria. Estava escrito: “Problemas estruturais atrapalham início do ano letivo a 19 mil alunos”

Bom, se comprova com o levantamento sobre as condições das escolas que houve um equívoco. Se fosse o caso, estaríamos falando que todos os colégios tem problemas estruturais urgentes, e que prédios precisariam ser interditados. Agradeço a coordenadoria por ter nos alertado sobre esse excesso.

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