A hora de voltar à escola depois de um período de férias requer adaptações dos alunos e das famílias. Para que o momento seja prazeroso, é preciso estabelecer rotinas e o acolhimento dos profissionais é essencial. Para falar sobre o assunto, o programa Nossos Filhos, da Rádio A Hora 102.9, recebeu a psicóloga Aletea Rissi e a fisioterapeuta neurofuncional Bárbara Passos de Sá, na noite de quinta-feira, 2.
Conforme as profissionais, o medo e a ansiedade no retorno à sala de aula é comum entre jovens e crianças, mas a pandemia fez surgir outras sequelas, como a falta de socialização ou prática de exercícios físicos e o isolamento.
De acordo com Bárbara, o acolhimento neste momento é tanto para as famílias quanto para as crianças “Há uma quebra de ciclo muito grande para a família inteira. A gente tem situações de ansiedade dos próprios pais, que não conseguem mais dar conta da demanda”, destaca a fisioterapeuta, que trabalha com neurodesenvolvimento infantil e neuropediatria. Ela ainda observa que a pandemia alterou os hábitos de trabalho dos responsáveis, que também precisam de adaptações.
Uma das dicas da profissional é começar a mudar a rotina da casa antes do início das aulas, para que as crianças possam se acostumar com os horários e ter qualidade de sono, o que também implica na disposição para as atividades do dia.
Conforme a profissional, outra consequência da pandemia foi a falta de exercícios físicos e até mesmo das brincadeiras e, hoje, os alunos apresentam uma defasagem nesse sentido que pode, inclusive, impactar no desenvolvimento e no desempenho escolar.
“É toda uma construção que a gente vai precisar retomar, de socializar, sair do comodismo de estar em casa, praticar exercícios físicos”.
Acolhida e respeito
A psicóloga Aletea ressalta a importância de respeitar o processo dos alunos. “Cada criança é única, tem sua maneira de demonstrar, externar seus sentimentos, e nesse momento é importante os responsáveis estarem presentes e atentos a esses movimentos, para que eles se sintam seguros em voltar”.
A profissional destaca a necessidade dos pais ou responsáveis também estabelecerem um vínculo com a escola. “É preciso haver uma sinergia entre a família, a criança e a escola”. Outro ponto importante é estar atento às falas dos adolescentes e crianças e estabelecer, em casa, um momento para conversar.
“Ser mãe e pai é isso, investir na criação, prezar pelo desenvolvimento, pela educação. O professor dá o norte, quem tem que traçar o caminho é a família”, ressalta.
Do virtual ao presencial
Durante a pandemia, com o acesso às telas e o tempo em jogos digitais, por exemplo, muito do contato dos jovens com os amigos e colegas passou a ser virtual. A consequência disso, vista hoje, é a dificuldade de sair da rotina e voltar ao convívio presencial, uma vez que eles já conseguem se relacionar no conforto de casa.
“É muito diferente o retorno depois disso, porque isso começou a fazer parte da vida deles”. A psicóloga diz que limitar o acesso às telas mesmo nas férias pode ser importante para fazer com que as crianças e adolescentes voltem ao convívio social.
As profissionais ainda atentam para que as famílias deixem as crianças confortáveis para frequentar a escola, com calçados adequados para correr e brincar, e com mochilas próprias para cada idade. Quando muito novas, as mochilas de rodinhas podem ser uma boa opção. De todo modo, para fazer com que o retorno seja positivo, a participação da família é a dica principal.
Dicas para um retorno saudável
– Conversar sobre as lembranças positivas da época das aulas. Geralmente o convívio com os colegas e as atividades que fazia;
– Quando os pais contam sobre o seu período na escola, as crianças também se sentem mais seguras;
– Mostrar como será a rotina, como um passo a passo. Se preciso, desenhar cada momento do dia: sair para escola, período no lugar, retorno dos pais, volta para casa;
– Começar a mudança de rotina antes do início das aulas, para que a criança possa se acostumar;
– Reservar momentos do dia para conversar com os filhos sobre seus sentimentos;
– Preparar um ambiente de estudos que estimule a criança ou adolescente;
– Dar atenção ao tempo de exposição às telas, para que o convívio social volte a fazer parte da vida das crianças.