A nobre missão de salvar vidas

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

A nobre missão de salvar vidas

“Antes de curar alguém, pergunta-lhe se está disposto
a desistir das coisas que o fizeram adoecer” – Hipócrates

Em 1930, lideranças de Lajeado iniciaram a discussão para fundar um hospital na cidade. A maior dificuldade da época era conciliar os interesses de católicos e protestantes. Superados os entraves, o hospital abriria suas portas em 1933. Noventa anos depois temos tempos difíceis para os hospitais. A Covid-19 colocou hospitais de todo mundo à prova em uma pressão sem precedentes nos sistemas de saúde. Lajeado foi a 23ª cidade do estado em casos confirmados, mas, nos primeiros meses da pandemia, fomos por meses a cidade com maior número de casos no estado e estivemos entre as dez mais do Brasil. Foram meses assustadores, mas que encontraram o hospital preparado para sua missão de salvar vidas. Tanto que a mortalidade por Covid em Lajeado foi a 228ª no estado. Entre as grandes cidades com grandes hospitais do estado, apenas Erechim teve resultados melhores.
Para complicar, saímos da pandemia com hospitais lidando com custos crescentes e financiamento insuficiente especialmente para as instituições que atendem ao SUS.
Mas nem tudo são lágrimas. As iniciativas da última década envolvendo acreditação e integração da educação com a assistência tanto na graduação médica em parceria com a Univates, bem como nas residências médicas e multiprofissionais, começaram a colher os frutos.
Dentre eles, o reconhecimento dessas melhorias e mudanças no ranking “World’s Best Hospitals” 2023 da revista NewsWeek, que lista os melhores hospitais de 28 países.
Esse ranking foi baseado em quatro fontes de dados:
1- especialistas médicos foram convidados a participar da pesquisa, sendo que não foram permitidas recomendações para o próprio empregador/hospital.
2- Resultados de pesquisas de experiência do paciente. Exemplos de tópicos de pesquisa incluem: satisfação geral com o hospital, recomendação do hospital e satisfação com o atendimento médico.
3- Métricas de qualidade hospitalar, por exemplo, dados sobre a qualidade do tratamento e medidas de higiene.
4- Pesquisa de implementação de PROMs, que são definidos como questionários padronizados e validados preenchidos por pacientes, para medir a percepção de seu bem-estar funcional e qualidade de vida. No RS, apenas dois hospitais, entre eles o HBB, já utilizam PROMS. No país, são quinze hospitais ao todo.
O número de hospitais premiados em cada país varia de acordo com o número de hospitais e a disponibilidade de dados no respectivo país. Os EUA tiveram o maior número de hospitais premiados com 420, enquanto Israel e Cingapura foram representados com 10 hospitais cada. No Brasil, foram 113 os hospitais selecionados.
Entre eles, pela terceira vez seguida, o HBB consta do ranking estando na posição 91 do Brasil e 12 do RS. Nosso estado possui hospitais premiados em apenas 4 cidades: Porto Alegre, Caxias do Sul e Lajeado. Entre as cidades com menos de 100.000 habitantes,o Hospital Bruno Born aparece sozinho. Tal resultado não significa perfeição, mas indica reconhecimento ao trabalho de centenas de instituições que tentam unir ciência, técnica, segurança e humanidade para seus pacientes.

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