Como sempre digo, a vida de jogador de futebol não é nada fácil e se engana quem acha que é só glamour. Esse patamar, que é mostrado na mídia, é apenas a pontinha e só poucos fazem parte dele. Mas se engana, novamente, quem acha que é fácil. São anos de lutas diárias e de diversas abdicações.
A vida de um atleta é feita de renúncias, seja de tempo, de amigos e de família. Todos atletas que sonham em tornar profissionais fazem essas escolhas difíceis ao longo da trajetória.
Mas todo mundo é livre para fazer escolhas, porém cada um vive refém de suas consequências, como por exemplo, passar centenas de datas especiais longe das pessoas mais importantes da sua vida.
Monstruoso. Destruidor. Xerife.
Foram esses, dentre tantos outros, adjetivos que saíram na mídia mundial para definir a partida perfeita que um conhecido atleta fez contra o Barcelona.
Rodrigo Ely, de Lajeado para destaque mundial.
Desde muito novo, ele já brincava, mas brincava de sonhar. Com 12 anos saiu de casa pela primeira vez e com 15/16 anos se deparou com uma das decisões mais difíceis de sua vida: continuar no conforto próximo de casa, seguir carreira em um grande clube do estado onde já era referência ou apostar em uma vida de incertezas, em lugar desconhecido, longe de todos há oceanos de distância?
Corajoso, com o apoio de sua sempre presente família, ele apostou. Mas quem só vê (e viu) a partida nota 10 contra o poderoso Barcelona, não sabe que abaixo pontinha do iceberg, existem diversas camadas duras e vazias em sua história..
Estávamos jogando videogame na sala de casa quando ele recebe uma grande notícia: teria que viajar às pressas, pois foi convocado para a pré temporada profissional com um gigante italiano. Pronto, a partir daí, sua carreira estava com sucesso garantido.
Será mesmo? Quem define o que é sucesso?
Nada é fácil. Altos e baixos fazem parte de capítulos de qualquer drama de sucesso. Sem espaço, empréstimos, pressão, saudade, expulsão, vaias em clássico e pedido de dispensa arriscado no último dia de uma janela de transferências, fazem com que a coroação desse final de semana seja ainda mais especial.
Mentalidade Ely. Assim que o próprio se dizia nos momentos mais duros de sua carreira, com suas lesões graves de joelho (há quem diga que elas só começaram a aparecer depois que eu – conhecido como machucatto – fui visitá-lo por lá), mas sempre com pensamento positivo, apoiado por sua linda família (que por sinal, tenho grande parcela nisso).
Mesmo longe, mas ao mesmo tempo muito próximo. Sempre discreto, sem causar e extravagar, Rodrigo Ely chegou no seu atual clube espanhol para recomeçar a sua carreira. Rapidamente conquistou não somente a titularidade, mas também o respeito e liderança do grupo. Ele batalhou, deu a volta por cima e está se tornando ídolo de mais uma torcida. Ele é “top”.
É um vencedor, que tenho prazer de chamar de amigo desde criança
Hoje, Rodrigo colhe os frutos não somente por conta das decisões difíceis feitas lá atrás, mas colhe por conta de um foco e determinação de quem sempre soube onde queria chegar, batalhando em silêncio para realizar esse sonho, sendo inspiração para milhares de crianças do nosso Vale do Taquari.