Deixemos definitivamente de lado essa ideia do ano começar depois do Carnaval. Neste 2023, isso ficou ainda mais claro desde os primeiros dias. O caso Americanas nos serve de alerta: em tempos de ESG, é bom lembrar que, além do Ambiental e do Social (tão necessários), o G de governança continua se mostrando crítico e fundamental para a continuidade dos negócios.
De modo geral, muitos empreendedores dos Vales do Taquari e Rio Pardo viraram o ano a pleno vapor e aproveitaram a “parada” para alinhar estratégias, negociar viabilidades e dar passos firmes em seus propósitos.
Infelizmente, a expectativa quanto ao crescimento global não é das mais afortunadas, considerando a desaceleração acentuada devido à inflação, às taxas de juros mais altas e redução de investimentos, além das repercussões da guerra. Segundo o relatório Perspectivas Econômicas Globais do Banco Mundial, 95% das economias avançadas serão afetadas, assim como cerca de 70% dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
Calejados que somos, cabe aqui um estudo detalhado das condições do mercado interno (e de alguns externos), dos movimentos ascendentes que o RS vem fazendo para atração de investimentos e o próprio avanço de áreas estratégicas aqui pelos Vales, como a logística, o turismo, a educação e a construção civil, para citar apenas algumas.
Diante da nossa capacidade de se reinventar, sugiro aos CEOs de plantão uma boa olhada no seu mapa estratégico para validar como o plano de marketing encontra-se nesse escopo. Identificar os pontos de contato com seus potenciais clientes, por exemplo, é uma tática para selecionar conscientemente onde canalizar os investimentos em mídia, promoção, relacionamento com o consumidor, ações de upsell, cross sell e outras que possam se converter em resultado mais sustentado para o seu negócio.
Outra sugestão é evitar a Síndrome do Touro. Não se per- mita atitudes passionais em vez de racionais frente a decisões estratégicas ou relativas ao trabalho. Permitir que movimentos inerentes às transformações nos tirem do foco e nos direcionem a postulados inconsistentes e maniqueísmos de redes sociais, é o mesmo que escolher o toureiro em vez de uma boa pista de corrida ou o arado de todo dia.
Em se falando de mercado, emprego, marketing e negócios, pensar com o coração e arremeter com a cabeça nunca é uma boa escolha. Estamos diante de um momento único no Vale, com possibilidades surgindo a cada instante, com chegada de novas marcas e atores dispostos a investir e assumir o protagonismo na região. Não será dando cabeçadas que conquistaremos o sucesso. O negócio é colocar o touro no cabresto e direcionar energia para o que pode dar certo. O resto é ilusão.
“Permitir que movimentos inerentes às transformações nos tirem do foco (…) é o mesmo que escolher o toureiro em vez de uma boa pista de corrida ou o arado de todo dia”