Não se deixe levar pela Síndrome do Touro

Opinião

Sérgio Sant'Anna

Sérgio Sant'Anna

Publicitário

Assuntos e temas do cotidiano

Não se deixe levar pela Síndrome do Touro

Deixemos definitivamente de lado essa ideia do ano começar depois do Carnaval. Neste 2023, isso ficou ainda mais claro desde os primeiros dias. O caso Americanas nos serve de alerta: em tempos de ESG, é bom lembrar que, além do Ambiental e do Social (tão necessários), o G de governança continua se mostrando crítico e fundamental para a continuidade dos negócios.

De modo geral, muitos empreendedores dos Vales do Taquari e Rio Pardo viraram o ano a pleno vapor e aproveitaram a “parada” para alinhar estratégias, negociar viabilidades e dar passos firmes em seus propósitos.

Infelizmente, a expectativa quanto ao crescimento global não é das mais afortunadas, considerando a desaceleração acentuada devido à inflação, às taxas de juros mais altas e redução de investimentos, além das repercussões da guerra. Segundo o relatório Perspectivas Econômicas Globais do Banco Mundial, 95% das economias avançadas serão afetadas, assim como cerca de 70% dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

Calejados que somos, cabe aqui um estudo detalhado das condições do mercado interno (e de alguns externos), dos movimentos ascendentes que o RS vem fazendo para atração de investimentos e o próprio avanço de áreas estratégicas aqui pelos Vales, como a logística, o turismo, a educação e a construção civil, para citar apenas algumas.

Diante da nossa capacidade de se reinventar, sugiro aos CEOs de plantão uma boa olhada no seu mapa estratégico para validar como o plano de marketing encontra-se nesse escopo. Identificar os pontos de contato com seus potenciais clientes, por exemplo, é uma tática para selecionar conscientemente onde canalizar os investimentos em mídia, promoção, relacionamento com o consumidor, ações de upsell, cross sell e outras que possam se converter em resultado mais sustentado para o seu negócio.

Outra sugestão é evitar a Síndrome do Touro. Não se per- mita atitudes passionais em vez de racionais frente a decisões estratégicas ou relativas ao trabalho. Permitir que movimentos inerentes às transformações nos tirem do foco e nos direcionem a postulados inconsistentes e maniqueísmos de redes sociais, é o mesmo que escolher o toureiro em vez de uma boa pista de corrida ou o arado de todo dia.

Em se falando de mercado, emprego, marketing e negócios, pensar com o coração e arremeter com a cabeça nunca é uma boa escolha. Estamos diante de um momento único no Vale, com possibilidades surgindo a cada instante, com chegada de novas marcas e atores dispostos a investir e assumir o protagonismo na região. Não será dando cabeçadas que conquistaremos o sucesso. O negócio é colocar o touro no cabresto e direcionar energia para o que pode dar certo. O resto é ilusão.

“Permitir que movimentos inerentes às transformações nos tirem do foco (…) é o mesmo que escolher o toureiro em vez de uma boa pista de corrida ou o arado de todo dia”

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