A volta às aulas trouxe, além do retorno das crianças ao ambiente escolar, dificuldades para muitas famílias da cidade. O desafio de encaixar os filhos no contraturno do ensino fundamental tem levado pais a questionarem o serviço do governo municipal.
Hoje, das 18 escolas de ensino fundamental do município, quatro oferecem o contraturno escolar. Além disso, há os projetos Vida, que desenvolvem atividades em turno integral em seis bairros da cidade. Mesmo assim, as queixas são frequentes nestas primeiras semanas de início do ano letivo.
Moradora do bairro Centenário, Vanise Schmitt Becker disse ter sido surpreendida quando foi avisada que o filho, de seis anos, não poderia continuar no contraturno da escola na qual confirmou a rematrícula no começo do ano. Isso fez com que ela tentasse outras alternativas. Por enquanto, a solução tem sido pagar uma cuidadora.
“Fiquei decepcionada, pois falaram que ele não teria direito à vaga porque passou para o segundo ano do ensino fundamental. Hoje, estou tendo que pagar uma mulher para ficar com ele à tarde, mas estou quase sem condições”, relata Vanise.
“Não sei o que fazer”
Situação semelhante enfrenta Bianca Barcelos Calescura, moradora do bairro Bom Pastor. A filha, de sete anos, estuda em escola no bairro Centenário e também passou para a segunda série. Ficou incomodada quando foi avisada de que ela não poderia seguir na modalidade. “Ligamos para a Secretaria. Passaram dois contatos para nós, só que o telefone nem chamava”, reclama.
Bianca também entrou em contato com o Ministério Público e aguarda uma resposta. “Agora estou de férias e consigo ficar com ela. Mas quando retornar ao trabalho, não sei o que fazer. Estava tranquila antes, pois como ela frequentava o contraturno, achei que continuaria esse ano”.
Necessidade
O contraturno escolar é uma modalidade onde as crianças passam um turno com aulas na escola e atividades recreativas no outro. Hoje, são 246 alunos matriculados entre a pré-escola e o segundo ano do ensino fundamental.
Conforme a secretária municipal de Educação, Adriana Vettorello, a busca pelo atendimento estendido nas escolas aumenta a cada ano, seja no contraturno ou no Projeto Vida. Por isso, a prioridade do município tem sido atender as necessidades legais, que é o atendimento pedagógico necessário para cada faixa etária.
“Ao mesmo tempo, buscamos ampliar a oferta de atendimento estendido, mas isso só ocorre se tivermos espaço físico suficiente e mais profissionais”, pontua Adriana. Segundo ela, a ampliação de escolas, como a Campestre, São Bento e São José (Conventos) visam qualificar o serviço.
Além disso, a Secretaria fará um estudo interno para avaliar como as famílias usam a oferta do atendimento estendido. “Nossa ideia é verificar o uso desses turnos para ver quais alunos realmente têm necessidade para podermos atender melhor aqueles que realmente precisam”.