Smartphone: a maior invenção  e o maior desafio

Opinião

Miguel Lucian

Miguel Lucian

Smartphone: a maior invenção e o maior desafio

Sem sombra de dúvida ele é uma das maiores invenções de toda a história. Nos auxilia com agendas, tarefas, comunicação e facilita muito o controle das contas bancárias que, por sinal, também evoluíram muito em função dele. Nos possibilita trabalhar de qualquer lugar e permanecermos acessíveis tanto tempo quanto permitirmos.

Graças a ele podemos conhecer pessoas de outras cidades, de outros países, de outras culturas, acompanhar a rotina daquela pessoa famosa de quem somos fãs e manter contato com aquele familiar que está viajando nas férias, além de apreciar as fotos bacanas que o mesmo fez com a câmera poderosa de seu aparelho móvel.

É inegável que o smartphone tem a capacidade de facilitar a nossa vida, mas, tal qual outros inventos, sua utilização também pode ser negativa em vários aspectos, criando e estimulando vícios ou ainda favorecendo um estilo de vida cada vez mais sedentário e mentalmente doente.

Se nos faz ter contato com pessoas distantes, por vezes, nos faz perder o convívio das pessoas que estão próximas: seja em rodas de amigos, encontros de família ou mesmo em filas de supermercados, nos distraímos com qualquer uma das muitas opções de entretenimento disponíveis e perdemos a chance de nos conectar realmente com o meio e os humanos fisicamente próximos.

Não damos atenção nem mesmo ao alimento que ingerimos: uma garfada no bife, arroz e feijão e já voltamos a rolar a timeline em busca sabe-se lá de que. Uma série de exercícios na academia é intercalada por séries de curtidas na rede social de preferência. Um passeio naquela cascata maravilhosa só vale a pena se tiver um belo registro para postar e receber curtidas, às vezes sem nem ouvir o som da água caindo e a paz que a natureza oferece de graça.

Estamos cada vez mais viciados em sua utilização e sua falta compromete o nosso rendimento no trabalho, além de gerar uma angústia enorme por não estar recebendo notificações a todo momento. Terceirizamos o trabalho de nossa memória que vem sendo menos estimulada e, por consequência, menos desenvolvida.

Podemos passar horas migrando de um aplicativo para outro ocupando um tempo “livre” que poderia ser utilizado para as diversas coisas que não temos tempo: preparar uma refeição de qualidade, visitar aquela pessoa que sempre diz que “um dia irá”, começar uma rotina de exercício ou aquele curso de violão que sempre quis fazer.

Não temos mais tempo para nada, nem para ficarmos entediados!

Mais uma tarefa a cumprir, mais um compromisso, mais uma notificação para conferir, mais uma olhada na fatura pra ver se compro aquele item daquele outro aplicativo, mais um pix pra pagar aquela janta que fui e passei a noite no celular por que não conhecia ninguém. Pronto mãe, já posso tomar um chimarrão contigo, mas estou esperando uma ligação.

O virtual tem roubado espaço do real. Os efeitos neurológicos estão começando a vir à tona e apontam para uma inter-relação entre a utilização desmedida e os prejuízos à saúde mental.

Tão grande e tão importante quanto a própria invenção do smartphone é a necessidade de praticarmos a sua utilização sem prejudicar a saúde (mental, física e espiritual) e a formação/manutenção de laços reais com outros humanos. Um desafio enorme que precisamos encarar diariamente para que seja possível mais conexões interpessoais com menos internet.

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