Nestes dias chegou-me às mãos uma preciosidade escrita por Mário Quintana: “Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz, você precisa aprender a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. ” Esta frase do poeta nos alcança a corda necessária para sairmos deste redemoinho, em que nos atiraram, nestes últimos tempos, visando o poder no país.
Ao fazer-nos atentar para as coisas boas e deleitosas que nos cercam – singelas, mas incontavelmente maiores do que as mazelas do dia-a-dia –, ela mostra a fórmula para resolvermos o que a vida nos propõe e, ao mesmo tempo, nos remotivarmos constantemente. Basta deixarmos fluir dois sentimentos saborosos: o amor e a paixão.
Há semanas, fugindo deste verão senegalês (mais um…), na apaixonante Rainha do Mar, estava a curtir a gostosa preguiça do nada ter para fazer, saboreando um chopinho, quando sentaram, por perto, o neto mais velho e um grupo de amigos (meninos e meninas), todos estudantes do ensino médio. Com sua conversa agitada –de frases apressadas e em volume alto –, em meio a risadas gostosas, vi e ouvi jovens que gostam de si mesmos e dos que os cercam, tomados por paixões inebriantes e inatingíveis: pelo ídolo que virá ao Planeta Atlântida, pela menina do gingado malicioso, pelo menino com os músculos bem desenhados.
Em momento algum falaram em “todes”, navegando pela normalidade do “todos” e “todas” e de sonhos saborosos, pautados pelo amor, inclusive pelo Brasil. Vi ali uma amostra do que é, em sua grande maioria, a geração que está vindo e será nossa sucessora. Nada tem a ver com as exceções que muitos querem nos impingir.
Juntando aquele momento precioso e inesquecível na Rainha do Mar, com a frase lapidar do poeta Quintana, penso chegar-se à fórmula da eterna juventude, cuja fonte Ponce de León buscou com tanta sofreguidão, pela vida inteira, só que sem sucesso porque pautado no mapa errado.
A eterna juventude não se limita ao conceito da nossa vida terrena e sua finitude.
É mais transcendental. Moveu e continuará movendo o Brasil e o mundo. Ela pede que nosso espírito seja tomado pela sofreguidão pela vida, de um adolescente, e pelo amor (a pautar nossos sentimentos e ações conosco e com os outros). Tudo, necessariamente temperado, de forma constante, pela impetuosidade de uma paixão, mesmo que platônica e inalcançável, para remotivar-nos constantemente. Acrescentaria uma pitada de esperança, o que nos permitirá enxergar as tempestades da vida como algo passageiro, invariavelmente seguidas pela tranquilidade da bonança, sempre bem mais duradoura.