Emancipado de Estrela em 1891, Lajeado completa pouco mais de treze décadas hoje, dia 26 de janeiro. No ano de seu centenário, em 1991, o município organizou uma programação especial para celebrar a data. Entre as atividades, foi erguido um pequeno monumento no bairro Carneiros, no local onde teve origem o povoamento da cidade, na antiga Fazenda de Conventos. Ali, próximo às margens do Rio Taquari, Antônio Fialho de Vargas instalou seu casarão em 1855.
Há 20 anos
Vinte anos atrás, o Jornal O Informativo atentava para o descuido com o local. Na época, o simbólico monumento, que marcava a fundação da cidade, estava escondido em meio ao matagal.
Hoje, a placa e o pedestal original foram substituídos por uma nova estrutura. O secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Lajeado, Carlos Reckziegel, conta que, em 2017, a pasta foi avisada de que a placa de metal havia sido furtada.
Por isso, uma nova estrutura foi montada, com um outro suporte e uma placa de granito. No monumento, está gravado “Marco da fundação de Lajeado”, com a data de 20 de março de 1855.
Origens da cidade-polo do Vale
A foto é de 1912. Mostra a Praça da Matriz e a Casa de Cultura. À esquerda está o antigo sobrado de Antônio Fialho de Vargas. Ao fundo, o primeiro prédio do Colégio Madre Bárbara, demolido em 1967, e a estrutura da Rodoviária Velha, na Rua Borges de Medeiros. Crédito: Reprodução
O núcleo urbano de Lajeado surgiu a partir do antigo porto de Santo Inácio dos Conventos, às margens do que é hoje a Av. Oswaldo Aranha. Apesar de Fialho de Vargas ter construído seu casarão no atual bairro Carneiros, a cidade começou a crescer mais nos arredores do porto. É o que conta o livro Lajeado I, do historiador José Alfredo Schierholt. Assim, por volta dos anos de 1870, Fialho de Vargas decidiu edificar um novo sobrado, próximo ao que é hoje a Praça da Matriz.
Nesse período, Lajeado já tinha um engenho e um porto com funções administrativas, então, aos poucos, mais casas foram sendo construídas no pequeno núcleo urbano. Junto a isso, surgiram os primeiros contornos da Praça Marechal Floriano, conhecida como Praça da Matriz, e a Igreja Santo Inácio.
A esperada emancipação
Demorou até Lajeado conquistar sua autonomia. Era segunda-feira do dia 26 de janeiro de 1891, quando foi assinado o ato de criação do novo município. De forma provisória, foi instalada a primeira Intendência (que funcionava como prefeitura) na casa de José Luís Bard. A residência ficava na rua Marechal Floriano, no local onde hoje está o Castelinho.
Como primeiro administrador de Lajeado foi eleito Frederico Jaeger, cargo que na época era chamado de presidente da Junta Municipal. Nos anos seguintes, foi estabelecido o primeiro Código de Posturas de Lajeado e foram criadas mais estradas, para ligar as várias comunidades do interior. Em dezembro de 1894, Lajeado sofreu com a invasão dos federalistas, que queriam depor o então presidente do estado, Júlio de Castilhos.
Poucos meses depois, já em 1895, foi nomeado o primeiro intendente da cidade, Júlio May. Foi ele quem deu início à construção da atual Casa de Cultura de Lajeado, em 1900, que na época, seria a intendência municipal (prefeitura).
Século XX
Nos anos seguintes, Lajeado foi aos poucos expandindo o perímetro urbano e, inclusive, recebeu visitas importantes, como Borges de Medeiros (na época, presidente do RS) e o bispo de Piacenza, João Batista Scalabrini, que fundou uma ordem religiosa na região.
Foi no início do século XX que foram construídas as principais casas que existem ainda hoje no centro histórico da cidade, como o prédio da chamada “Rodoviária Velha”. Conforme Schierholt, em 1912, foi inaugurada uma linha telefônica, ligando Lajeado a Estrela, Taquari, Venâncio Aires e Guaporé. Mas a energia elétrica demorou um pouco mais a chegar, as vias públicas receberam lâmpadas somente em 1920.
A partir da década de 20, a cidade progrediu, eram mais de 200 telefones espalhados e mais de 243 veículos, incluindo carros, caminhões e ônibus. Naquela época, Lajeado ainda tinha muios distritos, que hoje são municípios emancipados, como Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Progresso, Santa Clara do Sul, entre outros.
