Languiru concentra esforços em três frentes para reestruturação

REESTRUTURAÇÃO

Languiru concentra esforços em três frentes para reestruturação

Cooperativa reduz operações na área de carnes, foca no segmento de grãos e prepara venda de ativos. Iniciativas visam garantir sustentabilidade dos negócios

Languiru concentra esforços em três frentes para reestruturação
Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari

Após divulgar a redução do quadro de funcionários e no alojamento de aves e suínos, a Languiru apresentou ontem o programa de reestruturação. Entre as ações neste momento estão a troca da principal matriz de receita e investir em atividades mais lucrativas. Assim, a intenção é diminuir de 43% para 35% a representatividade da proteína animal no faturamento.

Em compensação, outros negócios devem crescer de 56% para 64%, com destaque o segmento de grãos. Além disso, a cooperativa projeta reduzir em R$ 54,2 milhões os custos e despesas com estoques, logística, serviços e demais áreas. Outra medida estratégica está relacionada à venda de imóveis ligados ao varejo.

Desta forma, com os ajustes a cooperativa projeta crescer em 2023 e faturar R$ 3 bilhões. Já as perdas estimadas em R$ 230 milhões com o encolhimento na área de aves e suínos serão compensadas pelas demais atividades, detalha a diretoria da cooperativa.

Essas ações foram anunciadas pelo presidente da Languiru, Dirceu Bayer, em evento aos associados, prefeitos e representantes de entidades. Durante a apresentação do projeto “Nova Languiru e sua transformação”, tranquilizou a todos sobre a situação da cooperativa e acredita que até março as maiores dificuldades serão superadas e possam voltar a investir.

Entre as principais apostas para este ano está a área de grãos. A movimentação a partir das operações na área portuária de Estrela deve representar 11,6% de todo o faturamento. Além disso, a expectativa é ampliar o abate de bovinos e fortalecer a produção leiteira com a instalação de queijaria em Teutônia. A projeção a é que a estrutura seja viabilizada no segundo semestre.

“O pior já passou”

Das 500 demissões anunciadas no mês passado, o presidente da cooperativa confirma que 200 se efetivaram. De acordo com Dirceu Bayer esses desligamentos se referem à rotatividade habitual de colaboradores, com o diferencial das vagas não serem repostas.

Durante reunião com prefeitos em dezembro de 2022, o presidente da Languiru chegou a estimar a necessidade de demitir mais 500 trabalhadores no início deste ano. Segundo ele, foi mal interpretado e isso teria repercutido de forma negativa com associados, instituições financeiras e o mercado de forma geral.

“A Languiru foi a primeira a expor as dificuldades do setor e agora outras empresas anunciam reduções nos alojamentos e abates para também contornar a alta de custos”, observa Bayer. Ele reforça a necessidade do comprometimento de forças políticas para atuarem em prol da indústria da transformação.

Bayer considera que a agricultura familiar foi deixada de lado e o foco se voltou às commodities. “A exportação de grãos não traz benefícios para nosso setor, pelo contrário, eleva os custos da nutrição e por consequência a conta da integração não fecha.” Ele ainda enfatiza a necessidade de incentivar a rotatividade de culturas.

Articulação do setor de proteína animal

As dificuldades das empresas integradoras e de produtores independentes serão expostas hoje em reunião com equipa do Estado. O encontro é articulado pelas associações de criadores de aves e suínos. Entre as reivindicações estão o incentivo à produção de grãos no RS e retomada de benefícios fiscais às agroindústrias.

Na percepção do presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, a condição exposta pela Languiru representa uma realidade de muitas empresas.

“Para se ter uma ideia, o cenário é tão desafiador que o prejuízo por suíno no ano chegou a R$ 80. No caso das integradoras, essa conta teve de ser pago pelas cooperativas ou empresas.”

Plano de ações

• Investimentos na modernização do parque industrial

• Redução no alojamento de aves e suínos

• Fortalecimento do frigorífico de bovinos

• Foco no mercado de grãos (milho, soja e trigo)

• Preservação e foco nos demais negócios (varejo e venda de rações)

• Exportação para mercados com melhor remuneração

• Ampliação de parcerias com laticínios e indústrias de carnes

 

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