As férias de Angélica Betti, 46, são do jeito que ela mais gosta. Longe da praia, não tem “vento nordestão”, nem movimento na Av. Paraguassú. Todos os clássicos do litoral gaúcho são trocados pela tranquilidade do Camping Riacho Doce, em Marques de Souza.
Já no feriado de Natal, ela deixou a casa em Lajeado para passar a temporada próxima ao Rio Forqueta. Além de curtir o tempo longe da cidade, Angélica trabalha na organização de quem busca o acampamento, além de cuidar do bar, do pátio e comprar os materiais que faltam para manter o local em ordem.
Há mais de dez anos o verão é assim. Desde que Angélica e o marido, Leo Ricardo Bruxel, conheceram os proprietários do local, José Rieth e Elisa Kremer Rieth, eles começaram, aos poucos, a trocar a água salgada pela doce. Primeiro, as visitas ao camping ocorriam apenas nos fins de semana. Mas, há 13 anos, quando o pai de Angélica construiu uma casa dentro dos três hectares do Riacho Doce, os meses de veraneio são sempre lá.
A oportunidade de conhecer novas pessoas também é um atrativo. “Quando eu era criança meu pai tinha um bar. Então, estar aqui, conversando com as pessoas, conhecendo gente, é o que eu gosto de fazer”, conta Angélica. Caminhar em meio a natureza também é um ponto forte e que faz os dias no camping ficarem ainda melhor.
A televisão, o ar condicionado e a internet colaboram para que o acampamento dure mais do que um único fim de semana. “Temos 13 casinhas para alugar, mas quem vem em um fim de semana, geralmente fica em barraca mesmo”, conta Angélica. É assim para o casal Simon Elias Nunes, 31, e Paloma Gerevini, 30.
Como eles ficam no Camping por semanas, a casa alugada é a melhor opção. As viagens ao litoral não deixam de ocorrer, mas não dura mais de um fim de semana. “Alugamos a casa faz seis anos. Às vezes, se sobra um tempo, vimos no fim de semana ou dormimos aqui e vamos trabalhar em Lajeado no outro dia”, conta Simon. Para eles, o fácil acesso ao rio é um diferencial do Riacho Doce, mas nada se compara com o acordar com o canto dos pássaros.
Tranquilidade e custo-benefício
“Que lugar maravilhoso e desestressante”. Essa é uma das frases que Sérgio Schedler, 57, mais escuta.
Nos mais de 30 anos em que mantém o Camping Schedler, em Forquetinha, ele percebe que o custo-benefício e a tranquilidade são os principais motivos para que as famílias troquem a praia pelo acampamento.
Conforme Schedler, o movimento aumenta no sábado e domingo. “Alguns comentam que ficam uns três dias na praia e vem para o camping todo fim de semana”, conta. No local, além da calmaria, os visitantes também podem contar com almoço, lanches e segurança: toda área é cercada e, durante o fim de semana, conta com guarda vidas.
Para Airton Becker, 59, esses já são pontos suficientes para passar bons dias na beira do rio. “Em dois anos, acho que só falhei só dois fins de semana”, diz Becker. Na casa alugada no Camping Schedler, ele conta o mesmo conforto que tem na sua casa em Lajeado.
“Eu ia para praia todos os anos. Aí perdi meu parceiro, que era meu irmão”, lembra. Agora, ele, a esposa, os dois filhos e o neto passam os dias na casa em Forquetinha, longe do grande movimento do litoral, e mais perto da calmaria do interior. “Na praia é sol, no camping é paz”, brinca Becker.
Mas até em dia sem sol ele segue para o camping. Na casa alugada, além de todos os aparatos necessários, Becker conta com um fogão a lenha. “Eu já fui lá no inverno também. Tô sempre lá. A dona até faz café colonial para gente”, conta.
O apego ao local é tanto, que até mesmo o neto de três anos já decorou o roteiro do fim de semana. “Na sexta-feira ele já chega na creche falando para as professoras que ‘o nenê vai para o rio’”, conta. Para Becker, enquanto houver sombra e água fresca, o verão deve continuar assim.