Antes de começar a história, saiba: eu rodei muitas vezes na prova prática da carteira de motorista. Numa dessas, desisti. Não queria mais dirigir e me convenci que não precisava disso. Aí cansei de ser teimosa. Depois, mesmo com a CNH em mãos, demorei para pegar o carro. Aquele virou só mais um documento dentro da carteira. Foi a força da necessidade (lê-se: pandemia) que melhorou minha relação com o volante. Claro, somente curtas distâncias.
Pois bem. Na terça-feira, quando entrei no carro, liguei o GPS e respirei fundo. Depois, segui. Era minha primeira vez dirigindo sozinha até Marques de Souza. Para você pode ser normal, mas para mim foi uma aventura. Juro! Quando cheguei na BR, pensei: “bem, dessa vez ao menos eu tenho o endereço, é só seguir as ordens do Google Maps”.
Já era muito melhor do que a vez que fui até Bom Retiro com uma orientação via telefone que dizia um confuso “depois da ponte pega a esquerda”. Que ponte? Não tinha entrada à esquerda e eu já nem via mais o Rio Taquari. No fim, deu certo. Sempre dá. O problema é que, dessa vez, eu sabia das obras da BR-386 a caminho de Marques. Um obstáculo extra. Em algum momento eu teria que entrar a direita, mas sem muita segurança. Enfim, cheguei inteira. Na hora de voltar, perguntei para Angélica – que será apresentada na reportagem das páginas 6 e 7 – se tinha algum jeito de chegar em Lajeado sem passar pelas obras. Eu queria um trajeto mais tranquilo, sabe?
Não é a primeira vez que no caminho de volta pro jornal eu penso sobre o quanto a profissão que escolhi me faz viver coisas inéditas e quanto essas coisas me deixam mais independente, mais “desenrolada”. É como se eu me sentisse ainda mais uma parte viva no mundo. Cheguei na garagem do jornal sã e salva. Um pouco de coragem e um pouco de necessidade. Cuidado sempre. Agora, qual o próximo destino?