Chega o dia em que quase tudo o que se sente na vida é saudade: de pessoas, coisas, expressões e banalidades. Assim é na tradição também. Hoje não se vê mais cartazes de CONSERTA-SE GAITA.
Porém ainda existem aqueles que herdaram este ensinamento e conseguem sobreviver afinando e consertando gaitas. Luciano da Luz, ainda na ativa, com suas palavras me conta um pouco da sua trajetória nesta profissão.
O sr. Luciano da Luz
Me chamo Luciano da Luz, tenho 44 anos, trabalho com consertos de acordeon desde 2004 incentivado pelo meu pai, Benjamin da Luz, que já nos deixou (falecido em 2017). Além de ótimo acordeonista, trabalhou na fábrica de acordeon Danielson, até o fechamento da mesma, em 1999, na cidade de Santa Rosa, no noroeste gaúcho. Depois que nos mudamos para Lajeado, em 2001, meu pai decidiu usar seus conhecimentos para começar na área de consertos e restaurações de acordeões.
Quando fui trabalhar com meu pai, eu já possuía um conhecimento musical, sabendo tocar alguns instrumentos e um pouco da parte teórica, escalas, campo harmônico. E foi trabalhando em bandas como operador de áudio que me despertou o interesse pela parte de afinação de acordeões no início.
Esse conhecimento anterior foi essencial para mim na parte de afinação, pois trabalhamos com todos os modelos de acordeon, cromático ou diatônico, de oito a 120 baixos, e na afinação nós tocamos na alma do acordeon, que são as vozes. E ela não aceita meio termo. Precisa ser exato, bem feito, garantindo o máximo de longevidade.
Desde as limpezas das vozes, o enceramento e a afinação propriamente dita, que é feita com auxílio de um afinador digital, é o lado humano que vai ser responsável pela boa execução no final”. Pois bem no final, disse acreditar que o acordeon ainda tem uma vida muito longa, pelo seu uso na música gaúcha e em outros tipos de música também.