Na mesa de casa, não faltou comida. Mas talvez foi preciso economias para garantir o arroz e feijão durante as refeições. Dentro de casa, não faltou água. Mas talvez foi preciso tomar banhos mais rápidos para que sobrasse água ainda quente para os irmãos.
Dentro de casa, não faltou roupas ou calçados. Mas talvez foi preciso emprestar os casacos para os vizinhos em uma noite muito fria de inverno. Dentro de casa, não faltou amor, mas talvez foi porque deixamos entrar pela porta da frente pessoas que o trouxesse para nós.
Dentro de casa, faltou pouca coisa este ano. Mas, talvez, na casa ao lado, faltou um pouquinho mais. 2022 que vem chegando ao fim, assim como os anos anteriores, nos ensinou muito sobre solidariedade.
Um ano de desavenças, na verdade. Ainda receosos pela saúde daqueles que amamos, muitas vezes, não olhamos para quem vivia ao redor. Um ano de brigas políticas que, na minha humilde opinião, não nos levou a lugar algum. Um ano sobrecarregado, coitado. Mas que, ainda assim, nos trouxe alegrias em meio a qualquer caos.
A cada ano que passa, é isso que percebo. A vida tentando nos ensinar sobre nós mesmos, sobre a humanidade. Tentando nos mostrar que nós somos bons, e que podemos ser melhores. Que a bondade é uma escolha. E, se ainda tivermos dúvidas, 2023 vai continuar esse caminho.
Aqueles que escolhem ser bons, afinal, passam o tempo mais alegres, com menos preocupações. As coisas ruins? Elas acontecem sim. Muitas delas fazem parte da vida. O que a bondade puder evitar, ela evita. O resto se torna cicatrizes que precisamos aceitar ajuda para fechar e que se tornarão apenas marcas daquilo que passou.
Que no próximo ano, mais do bem permaneça. Que, dentro de casa, continue não faltando comida e, principalmente amor. Que 2023 possa continuar nos ensinando e que possamos, mais uma vez, sermos humildes para aprender.
Feliz Ano-Novo!
