Quem viu não esquece

ADEUS A PELÉ

Quem viu não esquece

Da honra de assar um churrasco para o Rei à magia de ver o craque jogar em Porto Alegre. Conheça histórias de moradores do Vale que ligam a região ao ídolo máximo do futebol brasileiro

Quem viu não esquece
Pelé é o único jogador a conquistar três Copas do Mundo. Crédito: Divulgação
Vale do Taquari

O Santos estava em festa para comemorar os 30 anos da conquista do Bicampeonato Mundial. O Rei, é claro, não poderia ficar de fora. Naquele fim de semana de 1992, ele deixou sua casa nos Estados Unidos e convidou toda a turma para celebrar na sua casa de praia, no Guarujá, litoral paulista.

Quando tinha 22, Alexandre Azambuja Chaves participou da comemoração do Santos pelos 30 anos do Bicampeonato Mundial, com Pelé. Crédito: Arquivo Pessoal

Enquanto assistia aos colegas jogando bola com o craque, o lajeadense Alexandre Azambuja Chaves, 52, o Menudo, fazia o churrasco. “Daquele dia, lembro que achei o Pelé uma pessoa fora do comum. Era um coração enorme, humilde”, recorda.

 

Mesmo que o contato com o Rei não tenha avançado muito depois daquela tarde no Guarujá, Menudo considera Pelé como um pai, já que, para o craque, os jogadores do Santos eram também seus filhos.

“Pelé é a marca do Brasil”

A relação familiar se estendeu e, no período em que jogou no clube paulista, o lajeadense construiu uma relação de amizade com Edinho, filho do jogador. “Todos os dias eu saia da Vila Belmiro com ele. É um amigão próximo. Conversamos pelas redes sociais até hoje”, conta.

Menudo destaca a importância de Pelé para a história do país. “Sentimos a perda do Rei porque ele é um ícone. O Pelé é a marca do Brasil, ele que levou o nome do Brasil para todos os cantos do mundo”.

“O Pelé até parou uma guerra”, recorda Menudo. O episódio que recorda ocorreu na Nigéria, em 1969. Naquele período, o país enfrentava uma guerra civil e o Santos tinha um amistoso na Cidade de Benin. No Twitter, em outubro de 2020, Pelé contou que “o Santos era tão amado que as partes aceitaram um cessar-fogo no dia da partida. Ficou conhecido como o “Dia em que o Santos parou a guerra”.

Um espetáculo à parte

O Estádio Olímpico estava lotado para mais um jogo do Campeonato Brasileiro. Mas, naquele dia, até mesmo os gremistas estavam mais entusiasmados do que o comum com o time adversário. Adauto de Azevedo, 80, estava lá e, apesar de não lembrar bem qual era o ano e de não ter fotografias do dia, ele não esquece do show que assistiu.

“O estádio estava em festa. O Pelé tava no auge. Eles fizeram uma tabela de área a área. Tu imagina! Eles saíram da área do Santos até a meia lua da área Grêmio tabelando de cabeça. Até que o Airton, zagueiro do Grêmio, cortou a brincadeira. O Pelé criava coisas quase impossíveis. Eu tô com 80 anos e nunca mais vi um jogador fazer o que ele fezia”, lembra com entusiasmo o estrelense.

Desde muito novo, Adauto trabalhava com transmissão por rádio de jogos de futebol. Naquele dia, ele aproveitou a folga para ver o jogo. “Não tinha torcedor que não gostava dele. O Pelé era um espetáculo à parte”, conta. Fora de campo, o jogador também cativava. “Ele conversava com todos. Onde ele ia, lotava o estádio”, lembra.

Informações do velório

O enterro de Pelé será na segunda-feira, 2, no Memorial Necrópole Ecumênica, local onde o jogador tem seu caixão dourado reservado há anos e com visão para a Vila Belmiro.


 

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