Com ou sem presentes debaixo da árvore. Com velas acesas, pinheiros ou presépios. O Natal, celebrado no dia 25 de dezembro, simboliza o nascimento de Jesus Cristo e, para quem tem fé ou apenas vive a data em família, o momento é de partilha, solidariedade e união.
Mais do que um dia importante para os cristãos, o dia 25 ganhou novos significados com a figura do Papai Noel e o comércio. Ainda assim, é uma data famosa em todo mundo e se mistura com ritos e crenças de diferentes religiões.

Ao redor de uma coroa de Advento, é comum acender a vela, ler um texto bíblico, orar e cantar. Crédito: Divulgação
Tempo de Advento
Quatro semanas antes do Natal, para a comunidade evangélica, começa o Tempo do Advento. Assim, as famílias costumam reunir os seus integrantes no domingo, ao redor de uma coroa de Advento, acender a vela, ler um texto bíblico, orar e cantar. O mesmo ocorre dentro das igrejas.
O Pastor Sinodal Luis Henrique Sievers explica que todas as igrejas cristãs se orientam pelos testemunhos bíblicos. Entretanto, cada uma destaca aspectos natalinos que correspondem à sua ênfase teóloga e eclesiástica. “Como luteranos, apontamos para Jesus como ‘emanuel’, Deus conosco, ou seja, em nossas alegrias e aflições”, explica.
O líder religioso lembra que conforme o dia 25 se aproxima, a comunidade enfeita um pinheiro junto à coroa de Advento. “Na véspera de Natal, depois da celebração comunitária, as famílias costumam se reunir na casa de um dos seus membros para, quando possível, fazer a ceia, trocar presentes e confraternizar”, conta o pastor.
Famílias preparadas

Iluminação de Buda

Encontro, partilha e fé
Já para o umbandista, o Natal é o momento em que se canaliza a atuação do Pai Oxalá, na presença de Jesus, que simboliza melhora, bondade e a visão de mundo com mais integração. Os praticantes da religião percebem a data como o encontro, partilha e reforço da fé. Para eles, o Natal transcende a crença católica e está mais voltada à interação com a atmosfera emotiva e fraterna do período.
Além disso, os umbandistas consideram o momento como uma oportunidade de se harmonizar, avaliar o que é importante e renovar os propósitos de sua vida para o próximo ano.
Chanuka
Diferente dos cristãos, a comunidade judaica comemora o Chanuka, que lembra a luta dos judeus contra seus opressores e a restauração do templo de Jerusalém. Conforme o rabino da Sociedade Israelita Brasileira de Cultura e Beneficência (Sibra), Guerhon Kwasnieski, a data geralmente coincide com o Natal.
Neste ano, a celebração começou no dia 18 e segue até dia 26 de dezembro. Durante o Chanuka, a cada dia, uma vela é acesa. “As famílias têm o costume de acender o candelabro na janela de casa, para compartilhar a luz com os outros”, conta o rabino. “Lembramos dos milagres que aconteceram com nossos antepassados. Quando ingressaram no templo de Jerusalém, se depararam com um cântaro de ouro que deveria ter luz para iluminar um dia inteiro, mas, por fim, durou oito dias. Isso significa a presença divina”, explica o líder religioso.
“Eid al Fitr” e “Eid al Adha”
Para os muçulmanos, o nascimento de Jesus não é celebrado de forma religiosa, mas a figura consta no Alcorão. “Jesus Cristo é um personagem importante na fé islâmica e, inclusive, é comum os pais escolherem o nome, em árabe (Issa), para os filhos”, conta o palestino Cerri Bakri Qadan, que mora hoje em Lajeado. Mesmo sem comemorar o Natal, no Brasil, a data é passada com a família da esposa de Qadan.
Por outro lado, os muçulmanos celebram momentos de união em família, como o “Eid al Fitr”, que marca o fim do mês de Ramadan, quando se faz jejum do nascer ao pôr do sol. “São três dias muito comemorados. Mesmo nós que não vivemos em um país islâmico, fazemos um almoço, trocamos presentes, ligamos para os parentes”. Pouco mais de dois meses depois, o “Eid al Adha” é celebrado e marca o período de peregrinação a Meca.
Longe da família no Natal
Natural do Afeganistão e morador, hoje, de Lajeado, Sayed Hellal Hashemi, 23, lembra de outra data importante para os muçulmanos, além do Eid al Fitr e do Eid al Adha, a comemoração do Nowruz (ou Ano-Novo).
“Nestas três celebrações nós, afegãos, preparamos uma mesa repleta de frutas e comidas. Comemoramos por cinco dias, vamos para a casa de nossos familiares e amigos com roupas novas”, destaca.
Apesar de não celebrar o Natal, diz respeitar a crença e ser contra o desrespeito entre religiões. Hashemi conta que depois da queda do governo da República Islâmica do Afeganistão fugiu para o Brasil, mas a família permaneceu no país natal. “É muito difícil estar longe da família, mas tento comemorar a data e fico feliz em ver de perto o Natal”, diz o afegão.