O ano chega ao fim errático como começou, sem dizer bem a que veio, com questões indefinidas, um caso de covid aqui outro acolá, copa fora de época, tensões eleitorais extremas e tudo mais, até os hermanos campeões. Tenho certeza que passaremos dessa, ainda não sei se para uma melhor, mas passaremos. Já tivemos crises do petróleo, dos tigres asiáticos, planos bresser, até o crash da bolsa em 2008, a maior crise do mundo até a pandemia. E passamos. Definitivamente, não vai ser dessa vez que vamos para as cavernas em busca de luz.
Para os meros mortais que suam a camisa mesmo no ar-condicionado, resta saber como lidar com o que vem por aí, com a falta de empregos para uns, por não terem capacitação, ou até mesmo, como diz o nobre Roberto, por não terem “fome” – de trabalhar. Ou pela falta de mão de obra para outros, por falta de gente capacitada no mercado. Crise é sempre assim, depende do ângulo que você olha.
Entre os desafios para o próximo período para o meio empresarial, cito três, de ordem humana – já que sou de Humanas, deixo os desafios das áreas econômicas para os universitários especializados. Compreender a Geração Z talvez seja um dos maiores desafios da turma da minha idade (X + Boomers). Eles e elas, os Zoomers – como estão sendo chamados os nascidos entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010 – são a bola da vez chegando ao mercado. São nativos digitais e só por isso já trazem características únicas e indissociáveis de si.
Tê-los na equipe não é uma questão de opção, é necessidade. Estabelecer vínculos será difícil, já que muitos são individualistas, ainda não sabem o que querem do mundo, mas querem o seu lugar no mundo. Humm… bem parecidos comigo quando tinha 20 anos e era incompreendido pelos meus pais. Adoram praticar job hooping, ou seja, possuem forte tendência a pular de emprego de três em três meses. Se não pulam, sofrem. Isso é realmente difícil pra mim, mesmo assim continuarei insistindo em capacitá-los para o mundo, mesmo que muitas vezes não me compreendam.
No fundo, tudo passa pela experiência do funcionário, a chamada EX (“employee experience”, em inglês de RH). Não importa se o colaborador tem 20, 40 ou 60 anos, a trajetória que você oferecer a ele deve ser verdadeira, de mão dupla, coerente e remunerada dentro de padrões aceitáveis de mercado – sempre trabalhando para que ele possa crescer e contribuir com o próprio crescimento, e para o negócio do empregador. Em 2023, a EX será tão importante quanto o salário, porque o trabalhador sabe que tem muitas ofertas no mercado. Claro, ele pode se arrepender ao sair, pois tem EX para desgosto de todos por aí.
E pra finalizar, o terceiro desafio: o consumidor. Você, eu e até a torcida do Bangu. Empoderados. Ou Reimaginados, como apresentados em pesquisa da Accenture (life reimagined), em 22 países com mais de 25 mil consumidores. Os brasileiros, por exemplo, desejam conhecer a experiência do vizinho, do influencer e do amigo do Insta. Aqui, a tal da Prova Social tem peso dois.
Ao menos 50% sentem-se desapontados com empresas que não apresentam suporte aos serviços e não se preocupam em entender o cliente, e 98% estão reavaliando seus propósitos de vida, inclusive nas relações com marcas e produtos.
Quer saber? O 2023 pode ser punk. Como foi 2022, 2013, 2001, 1980, 1973… mas, quer saber? Tô nem aí! Vou seguir trabalhando, me questionando e me reinventando a cada dia, com os zoomers, todos os colaboradores e amigos que tivermos e também com você, leitor.
E vamos ganhar a próxima copa! Que venga el nuevo ano!