Pelos rios, montanhas, pontes e cachoeiras, os aventureiros do Vale do Taquari colecionam experiências. É por meio do chamado Turismo de Aventura que exploram as belezas naturais da região ou encontram um esporte para praticar. Depois do pêndulo, rafting e rapel, agora, as novidades são as redes suspensas e balanços infinitos.
A 30 metros do chão, um desses equipamentos está instalado no Morro Gaúcho e ficará disponível aos visitantes a partir de janeiro. A iniciativa é dos sócios da Move Aventuras, Edson Henicka e Jonathan Soares Weber, que tiveram a ideia em meio a uma brincadeira entre amigos, também amantes de esportes em altura.
Depois de praticar a atividade em locais como a cachoeira Rio Cerquinha, em Bom Jesus, escolheram o Morro Gaúcho como próximo destino. “O resultado foi melhor que o esperado, ficou incrível”, conta Weber. Apesar da altura, não há risco de queda durante a atividade. Tanto a rede suspensa quanto o balanço infinito são transportados por meio de um cabo de aço, preso em ancoragens naturais. Um duplo backup garante a estabilidade e segurança e todos os equipamentos são homologados segundo a Norma Brasileira para Atividades em Altura.
Weber afirma que, para esportes da categoria, não existe uma legislação específica, mas é necessário treinamento e certificação dos instrutores. “Todas as atividades são asseguradas, laudadas e acompanham uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do engenheiro responsável”, afirma.
Novas experiências
Para praticar a atividade no morro, é necessário agendamento e os valores variam de R$ 180 a R$ 200, com filmagem de drone inclusa. Os equipamentos não ficam de forma permanente no espaço, para evitar a deterioração. A rede será ofertada mês a mês ou a cada dois meses, conforme a demanda.
De acordo com Weber, o público é variado. Muitos vão pela experiência e vontade de fazer algo novo. Outros para se desafiar e vencer o medo de altura de um jeito diferente. “O intuito é trazer algo novo, algo que surpreenda e que deixe a nossa marca”, destaca.
Rasga Diabo
Em Vespasiano Corrêa, a atividade também ganha espaço e, nos dias 30, 31 e 1º, na virada do ano, a Cascata Rasga Diabo recebe uma rede suspensa a 90 metros, um balanço e equipamento para rapel. O proprietário do lugar, Ricardo Rosolen, conta que a ideia de instalar uma tirolesa na área e iniciar com o turismo de aventura é antiga.
Depois da experiência com a rede suspensa, a tirolesa ainda está nos planos do proprietário, e uma piscina natural será inaugurada. Além disso, o espaço já oferece trilhas, banho de riacho e cachoeira, assim como locais de lazer, cabanas e camping.
Potencial
Para participar do evento, a hospedagem é apenas com reserva, mas para os visitantes durante o dia a entrada é gratuita. Para andar na rede suspensa, balanço ou fazer rapel, o valor cobrado é a partir de R$ 180, e estão inclusas imagens com drone.
“Estou começando agora com o turismo de aventura, mas a procura é grande, já deu pra ver. E o turismo de natureza nem se fala”, destaca Rosolen. A ideia, daqui pra frente, é também oferecer voltas de quadriciclo aos visitantes, além de passeios de balão, atividades como o paintball, e um parque de arvorismo. Rosolen diz que muitos visitantes ficam curiosos com o nome da cascata e explica: “Foi por causa do apelido de um antigo morador que morava embaixo da cachoeira há uns 100 anos”.
Atividade segura
O responsável pelas atividades na Cascata Rasga Diabo é Ronei Foppa, da empresa Trilheiros Adventure, que existe há cinco anos. O profissional destaca que a rede suspensa e o balanço são conectados a um cabo de aço preso em diagonal de um lado a outro da cachoeira.
“A pessoa senta na rede e a gente lança elai até o meio. É uma atividade segura”, garante. De acordo com ele, apesar de novidade para a região, tanto a rede suspensa quanto o balanço já existem há algum tempo no Brasil.
Refúgio Sonho do Montanhista
Em Tabaí, outro local turístico atrai os aventureiros. No topo do morro Yeye, fica o Refúgio Sonho da Montanha, uma estrutura criada em 2014 para servir de “abrigo” aos campistas das proximidades do morro.
Na época, a área conquistava novas vias de escalada e o local se tornou um ponto conhecido para o turismo de aventura.
No refúgio, administrado por Paulo Menezes e Carla Schunck, uma estrutura de camping de uso coletivo fica à disposição dos visitantes. Lá, também é possível fazer atividades como escalada, rapel e trekking, ou trilha.
Paixão pela aventura
Entre os praticantes desses esportes, está Brian Dias. O estrelense se aventura ainda pelo paraquedismo, rapel, tirolesa, rafting, bungee jump, pêndulo, canoagem, slackline, e acampamentos.
O gosto pelo esporte de aventuras surgiu ainda na adolescência quando, durante as aulas de Educação Física, Dias não se identificava com os exercícios tradicionais como futebol, vôlei ou atletismo, e passou a conhecer essa nova modalidade. Desde então, visita pontos turísticos entre morros, vales e cachoeiras para o trabalho, com a agência Off Aventuras, e para a diversão.
No Vale do Taquari, entre os pontos mais frequentados para a prática está o Morro Gaúcho, onde faz rapel, e a Ponte de Ferro, com o pêndulo. Além disso, costuma ir até Nova Roma do Sul para praticar o rafting, e Novo Hamburgo, para o salto de paraquedas no Centro Gaúcho de Paraquedismo.
“O Vale do Taquari está pronto para o turismo de aventura. Tem cachoeiras, montanhas, vales, túneis e rios, e a cada ano vem aumentando a procura por esportes em meio a natureza por aqui”, acredita. Para Dias, uma das recompensas da atividade é ver a alegria das pessoas ao superarem limites, medos e traumas e poder proporcionar o contato com a natureza e a consciência ambiental.
ENTREVISTA – Leandro Arenhardt • presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales)
“Nos 36 municípios, todos têm algo a oferecer”
Quando começou a surgir esse tipo de turismo na região?
Muitas coisas despertaram no Vale do Taquari depois do Cristo Protetor. Porém, muitos empreendimentos já estavam focados no turismo de aventura, até porque a nossa região reflete isso, além da religiosidade, somos um destino de natureza e consequentemente o turismo e aventura se insere. Mas, ao mesmo tempo, ele está apenas no início. Tem muito a crescer, muitas oportunidades de turismo na área de aventura.
Que tipo de público mais procura o turismo de aventura?
Se tu pensar a nível Brasil, o turismo de aventura pode ser para toda a família. O Vale do Taquari ainda precisa dar alguns passos. Hoje, temos os ciclistas que estão aí, tem as águas que são usadas para o esporte também. Tem algumas tirolesas sendo criadas, as caminhadas, as trilhas em meio à natureza, com destino às cascatas que nós temos. Estamos em desenvolvimento.
Como você percebe esse ramo no Vale? É promissor?
Acredito que, talvez no estado, o Vale do Taquari é o que mais propicia produtos turísticos de aventura. A gente precisa despertar mais empreendedores que acreditem e invistam, se qualifiquem, montem equipes, estejam preparados. Temos muitas oportunidades na região, nos 36 municípios, todos têm algo a oferecer.
Quais outros tipos de turismo estão em alta por aqui?
Somos um destino de religiosidade e natureza. Bem como a gastronomia. Gastronomia boa tem em vários locais e temos que oferecer algo a mais, uma experiência diferente para que o turista lembre da gastronomia, do acolhimento, mas lembre de algo a mais, que aquela experiência possa marcar ele. Somos uma região de oportunidades.