Socorro! O que meu subconsciente tenta me dizer? Estou em choque! Apavorado. Tudo por conta de um sonho. Não místico, de mensagens subliminares, pois parecia muito real. Pouco verossímil, de fato, mas nítido como a realidade em que estamos.
Veja só: eu estava em Brasília. Havia sido escolhido pelo futuro presidente para compor a equipe de comunicação e jornalismo do governo. Voltava à assessoria de imprensa após mais de uma década direto em redação. Estava em uma reunião com a equipe alguns dias antes da troca de faixa. O Lula não estava, eu não o vi. Mas havia determinado uma estratégia para tentar amenizar a radicalização/polarização nacional. Bolsonaro ocuparia um espaço dentro da gestão petista.
Bomba! Parem as máquinas. Era a grande pauta política do século! Bolsonaro seria um conselheiro emérito! Seja lá o que isso significa.
Como repórter ambidestro que sou, assumi na reunião a postura de um grande conhecedor do partido e defensor das pautas ligadas à esquerda. Virei um companheiro naquele momento. Assim, chegou minha missão. Eu teria de entrevistar Bolsonaro sobre a decisão de Lula.
Me encaminhei à tarefa. Cheguei na sala presencial e encontrei um homem feliz. Sim, Bolsonaro estava radiante. Sorria enquanto encaixotava suas coisas. Passava um pano com álcool no quadro do retrato oficial de presidente. Com feições muito diferentes das aparições recentes. Não estava mais deprimido, parecia altivo, simpático e confiante.
Mais uma vez o repórter camaleão surgiu. Bolsonaro precisa confiar em mim, pensei.
– Salve, presidente! Tudo pronto para voltarmos ao governo daqui a quatro anos?
A pergunta o encorajou. Afinal, estava falando com um dos seus.
– Esse é o plano – respondeu seguido de uma larga gargalhada. Até a voz dele era igual. Falava com aquela língua presa característica.
Acordei assustado. O que significa isso? Será um desejo reprimido? De viver em um país que acolhe as diferenças e tenta uni-las para o bem comum?
Talvez uma mensagem vinda direto de Sun Tzu, de que é preciso “manter os inimigos por perto”? Ou mesmo uma lição de Maquiavel, daquela máxima “engane o próximo toda vez que puder”?
Peço ajuda a um dos colunistas deste periódico. Doutor Marcos Frank, como interpreto isso tudo? Faço essa referência pois gosto muito dos teus textos. Daqueles que cria “entrevistas fictícias com personagens e personalidades” a partir do conhecimento que tem sobre as obras, livros e passagens marcantes.
Caso a temática não seja da sua área – pois acho que um psicanalista seria o mais certeiro – pode me indicar algum profissional habilitado para tanto? Ou mesmo me dizer, em qual número jogo no Bicho?
Por falar em número
Anota aí: vinte e três mil e seiscentos. Sim 23,6 mil, ou 23.600. Indiferente da grafia, esse é o número de professores que precisarão ser repostos na rede pública estadual até 2030. A informação vem direto da secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira. Ela conversou comigo no programa PENSE dessa terça-feira. Inclusive afirmou: “risco muito grande de um apagão de professores.” A entrevista está disponível no facebook do A Hora e também pelo Youtube.
Status perdido
Ser professor é um título para a vida inteira. Ainda assim, há uma queda constante de interesse na carreira. Em especial na rede pública estadual. Enquanto isso, acadêmicos de licenciatura ingressam no mercado de trabalho com muita facilidade. A opção sempre por escolas municipais ou particulares. É fundamental melhorar as condições para os professores das escolas do Estado. Esse será um dos grandes deveres da gestão de Eduardo Leite nos próximos quatro anos.