Um século de boas memórias

HISTÓRIA DE VIDA

Um século de boas memórias

Anna Sangalli Pretto completa 100 anos neste sábado, 17. A família prepara uma festa para homenagear a matriarca e celebrar a força e saúde da encantadense

Um século de boas memórias
Aos 100 anos, Anna Sangalli Pretto ainda guarda as boas memórias da infância e do casamento. Religiosa, ela não deixa de assistir a missa, todos os dias. Crédito: Júlia Amaral
Lajeado

Para alguns Anna, para outros Ana. Após 100 anos, até o nome sofre modificações. Tudo muda. Ficamos com a eterna dúvida se o nome da avó tem N ou NN, sendo a certidão de nascimento com dois NN, e a de casamento com um N.” Assim, em clima de descontração e alegria, começa o texto de homenagem da família de Anna Sangalli Pretto, na desejada festa que comemora o centenário da matriarca.

Nascida em 17 de dezembro de 1922, em Encantado, a filha mais nova de nove irmãos cresceu na localidade de Jacarezinho junto com a família italiana. Aos 21 anos, Anna se casou com Bazilio Archille Pretto, com quem teve seis filhos, 12 netos e 12 bisnetos. Mas os números não dão conta da história que o último século carrega.

Durante a festa, que será no Sindicato dos Representantes Comerciais de Lajeado, papéis e canetas serão disponibilizados para que os 80 convidados possam escrever sobre os momentos que viveram ao lado de Anna. “Quantas histórias se perdem no tempo e nas memórias de quem não está mais aqui. Queria poder saber cada uma delas, para nunca se perderem”, ressalta a neta.

A memória da centenária, no entanto, pouco falha. “Lembro que minha mãe fazia o café para mim quando eu era criança”, conta Anna, com dificuldades na voz. Sentada na poltrona ao lado da cama, ela conversa com as filhas sobre a infância, de como era mimada pelos pais e irmãos, e sobre os anos que passou ao lado do marido, falecido há 20 anos.

“Tem dias que ela ta melhor, tem dias que ta pior. Às vezes é uma lucidez que só e chega a lembrar de datas que eu mesma não lembro. Esses dias lembrou o nome de todos os irmãos”, conta a filha Carmen Maria Pretto. Hoje, Anna mora em Lajeado com a filha mais velha, Lourdes Pretto. “Todo dia, das 9h às 10h30, ela assiste a missa na TV. Nunca deixa de assistir”, conta a primogênita.
Segredo da longevidade
A fé é uma das características mais fortes de Anna. Em seu quarto, não são poucas as imagens de santos. Conforme contam as filhas, a mãe sempre manifestou o desejo de chegar aos cem anos, já que boa parte da família também viveu muito tempo. Além do apego à religião, o que também contribuiu para a longevidade foi o cuidado com a saúde.
Há três anos, Anna caiu no quarto e quebrou o fêmur. Desde então, com a mobilidade comprometida, ela não conseguiu ir mais às missas na igreja matriz, participar do Clube de Mães e fazer as caminhadas matinais, como fazia sempre. “Antes do tombo, ela fazia tudo sozinha. E ela comandava tudo, nada podia estar fora do lugar, tudo do jeito dela”, conta Lourdes, em meio a risadas.
Nos preparativos para a festa, as filhas contam que suplementos como Gatorade foram incrementados a dieta para garantir que Anna esteja bem no dia. Se depender dela, a família já pode planejar a comemoração dos 101.

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