“A COP15 é aquele tipo de acontecimento que marca um século, uma época”

ABRE ASPAS

“A COP15 é aquele tipo de acontecimento que marca um século, uma época”

O lajeadense Eduardo Relly, 39, participa da Conferência de Biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 15, em Montreal, no Canadá. O evento reúne representantes de países ao redor do mundo que concordam em proteger a natureza e buscam acordos para isso

“A COP15 é aquele tipo de acontecimento que marca um século, uma época”
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Qual a pesquisa que você desenvolve hoje?

Eu desenvolvo uma pesquisa em sociologia ambiental, na área de recursos genéticos da biodiversidade. Sou membro do projeto colaborativo financiado pela Sociedade Alemã de Pesquisa “Mudanças Estruturais da Propriedade”, subprojeto “Propriedade sobre recursos genéticos”, coordenado pela Prof. Dr. Maria Backhouse e executada por mim. Este projeto está sediado na Friedrich-Schiller-Universität Jena, estado da Turíngia.

Você já é pós-doutor, mas como começou a sua jornada no meio acadêmico?

Minha jornada acadêmica iniciou na Univates por volta de 2003. Fiz curso de direito (inconcluso ainda) e de história. Ali, comecei a me interessar por arqueologia e a intersecção com as ciências ambientais. Depois, tudo se acelerou e uma coisa foi puxando a outra.

Bom, já faz quase 20 anos desde então. E agora, como surgiu a oportunidade de participar da COP 15?

A minha participação se deve ao fato de que o projeto em que sou executor tinha planejado desde o início o envio de pesquisadores para o evento. Ela deveria ocorrer integralmente na China, na cidade de Kunming, província de Yunnan. Devido ao Covid-19, ela ocorreu só parcialmente lá. O Canadá assumiu a responsabilidade de sediar o evento para concluir as negociações de modo presencial. Depois de um longo processo de acreditação institucional, meu pedido de participação, que é ligado à universidade onde trabalho, foi aceito.

Para você, quais os destaques do evento até agora?

Eles remetem principalmente à desarmonia nas negociações. Todos os temas estão muito truncados. Desde financiamento, até às metas de proteção global da biodiversidade, passando pela ideia de sustentabilidade atrelada aos sistemas agrícolas contemporâneos, voltando para os recursos genéticos e repartição de benefícios, tudo está em suspenso. Começa a baixar uma nuvem pessimista entre as pessoas.

Como você avalia a importância desse evento?

É o maior fórum mundial – visto que é parte do sistema das Nações Unidas – para discutir o futuro da nossa casa comum, da nossa Mãe Terra, tão maltratada pelos atuais processos de desenvolvimento. Tenho um filho pequeno e me pergunto quase todos os dias se ele terá uma vida plena diante de tanta destruição. A COP15 tem sido repetidas vezes anunciada como “uma de nossas últimas chances” até o “ponto de nao-retorno”. Às vezes, a gente não se dá conta disso em nossas vidas, mas o ambiente em nossa volta é o que proporciona uma boa vida; é a base da economia, por exemplo. A gente não vive no abstrato. Logo, eu diria, que a COP15 é aquele tipo de acontecimento que marca um século, uma época.

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