Uma gigante que ocupa lugar de destaque na área de fixadores. Com capacidade instalada para produzir mais de 40 mil diferentes tipos de parafusos, rebites e peças especiais, a Hassmann S.A. segue um rígido padrão de qualidade. Isso se reflete na sólida posição no mercado, ao fornecer produtos para indústrias automotivas, agrícolas e máquinas de construção, entre outras.
A trajetória de 67 anos da empresa foi destacada em “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Detalhes do surgimento da empresa, em Imigrante, as origens familiares, consolidação e expansão da metalúrgica foram abordados pelos atuais diretores, Peter e Carlos Hassmann.
Peter e Carlos são filhos de Karl e Elka Hassmann, fundadores da empresa. Austríaco, o pai veio para o Brasil em 1950, quando conheceu a mãe, natural de Imigrante. “Ela ajudou ele a chegar no endereço onde morava a irmã. Aí tomaram café juntos e logo se iniciou um longo namoro. A mãe era professora e estava com os papéis prontos para trabalhar na África. Mas a paixão falou mais alto”, comenta Peter.
Em 1955, dois anos após os dois se casarem, foi fundada a Metalúrgica Hassmann, justo na terra natal de Elka. Á época, era um pequeno negócio, que prosperou aos poucos. “Eles queriam abrir um negócio na volta a Imigrante. E a força das mulheres é o destino final de cada um. A ideia da minha mãe foi muito boa”, pontua Peter.
Com mais de 400 funcionários, a Hassmann S.A. tem, além da sede e centro de distribuição em Imigrante, uma unidade de tratamento superficial de metais em Caxias do Sul, e uma unidade nos Estados Unidos.
Entrevista • Peter Hassmann e Carlos Hassmann
“Todos nos conhecem como fabricante de parafusos. Mas lá no início, era uma pequena mecânica (…)”
Rogério Wink: O que os pais deixaram de legado para vocês?
Peter Hassmann: Eles nos deram uma estrutura familiar muito boa. O conhecimento e interesse deles foi fundamental para que ficássemos na empresa.
Wink: E como foi a entrada de vocês no negócio?
Peter: Estudávamos no Martin Luther. Eu fazia meu tema e ia trabalhar com o pai. Comecei na produção, pois a fábrica sempre foi o meu chão. Era uma cachaça, gostava muito. E no final do expediente, depois que todos os funcionários saíam, eu ganhava uma vassoura e varria todo o setor. Tinha 14, 15 anos. Aos poucos, comecei a aprender sobre tudo o que se tinha nas máquinas.
Carlos Hassmann: Eu nunca fui um aluno nota 10. Sempre dei muita dor de cabeça para os meus pais (risos). Quando repeti o segundo ano do segundo grau, meu pai falou: “Já que não quer estudar, então vai trabalhar”. Aí eu atuava de dia na empresa e estudava de noite. É assim que aprendemos, na dureza da vida, e não no conforto. O Peter já tinha assumido a parte técnica e precisava de alguém para trabalhar com a mãe, que era responsável pela parte burocrática.
Wink: O que mudou no tipo de produto que vocês colocaram no mercado, na sua essência?
Peter: Mudou em tudo. Começamos com itens normais, de prateleira. Assim, fizemos o nosso nome. Atendemos comércios e pequenas indústrias durante um determinado tempo. Aí, fomos procurados por uma multinacional italiana, que nos pediu para fabricar parafusos diferentes, e exportar para os Estados Unidos.
Tínhamos uma alegria enorme em poder mandar nosso produto para fora daqui. Ali pela década de 1970, começou uma mudança grande das tecnologias. E nós começamos a colocar tecnologias em máquinas de ponta. Comprava máquinas mais caras, mas era um grande negócio.
Carlos: Todos nos conhecem como fabricante de parafusos. Mas lá no início, era uma pequena mecânica que fazia serviços para pequenos colonos. Chegamos a fabricar carrinhos de mão. Logo na sequência, o pai tentou fabricar algo que fosse seriado. Fomos para a construção civil. A empresa fazia portas e janelas. Quase uma serralheria.
Wink: Carlos, você foi o primeiro prefeito de Imigrante. Como foi a experiência?
Carlos: Tive uma experiência como político, saí da empresa com a anuência dos meus pais e do Peter. Foi uma experiência muito válida e única. E foi muito positiva, em termos de aprendizado. Como político, você lida com as pessoas, faz com que coisas impossíveis virem algo possível. Após os quatro anos, voltei para a empresa e tive que buscar o meu espaço. Tinha que saber quem era quem, o que fazia cada um.
Wink: Como vocês enxergam a importância da governança dentro da empresa?
Carlos: De forma não oficializada, nós já fizemos a sucessão. A Letícia, que é minha filha, está sob meus cuidados, atuando na parte de importação e na questão burocrática das nossas exportações. Já o Augusto, que é filho do Peter, tem formação em engenharia e pós em gestão empresarial. Está como gerente de vendas e passou pela fábrica. É o que eu e o Peter falamos para eles: criem o vosso grupo, a vossa turma com quem pretendem trabalhar.
Wink: Qual a grande importância de um centro de distribuição?
Carlos: Estar mais próximo do nosso cliente. Especificamente a Hassmann está lá nos Estados Unidos para que o nosso cliente acredite que não vamos deixar de entregar. Os americanos, como um todo, têm muita dificuldade de aceitar ou acreditar que algo vai chegar no prazo vindo do Brasil. Aqui, nosso CD não tinha mais espaço. Precisávamos de área para expandir fábrica. Hoje, somos um supermercado de parafusos aos nossos clientes. Eles mandam a relação e a gente entrega.