Quem trafega pela BR-386 se acostumou, nos últimos meses, com a presença de trabalhadores, máquinas, placas e cones na pista. O ritmo acelerado das obras da construção da terceira faixa, entre Lajeado e Estrela, modifica o cenário da principal rodovia do Vale do Taquari. E também, em determinados horários, afeta o fluxo urbano, exige atenção e, sobretudo, paciência de motoristas.
Iniciada em agosto, a reformulação dos 5,1 quilômetros entre os dois municípios avança sobretudo no perímetro lajeadense. As frentes de trabalho executadas pela Eurovias hoje se concentram principalmente nas imediações do Shopping Lajeado, nas proximidades das Bebidas Fruki e na ponte seca da rua Bento Rosa.
Por questões contratuais, a CCR Via Sul, concessionária da rodovia, deve entregar 50% da obra até fevereiro de 2023. Isso compreende justamente o trecho de Lajeado, a partir do entroncamento com a ERS-130, segundo o coordenador de engenharia, Ramiro Farias. A avaliação é de que o planejamento têm sido cumprido desde o começo da obra.
“Tínhamos essa previsão de intensificar agora, conforme o nosso planejamento. As passarelas, por exemplo, só precisam estar prontas em 2024. Mas até por questão de mobilidade do usuário, queremos antecipar essas entregas e devemos ter elas concluídas até o fim de fevereiro”, planeja Farias. O contrato prevê a conclusão das obras em fevereiro de 2024.

Intervenções na rodovia exigem paciência de motoristas. Lentidão é registrada em horários específicos. Crédito: Mateus Souza
Clima e estratégias
Um dos aliados para o bom andamento da obra, conforme Farias, é o clima. “Tem que entender a peculiaridade de cada região. E a questão climática interfere bastante. Aqui, com dias mais extensos e previsão de pouca chuva, conseguimos produzir mais. Começamos as atividades cada vez mais cedo para manter os cronogramas que foram pactuados”, frisa.
A mobilização intensa, com trabalho inclusive aos finais de semana, é uma marca do andamento da obra. Segundo Farias, as várias frentes de serviço se explicam também pelas diferentes funções desempenhadas pelos terceirizados. No auge, estima-se que a obra gere em torno de 300 empregos diretos.

Ponte seca da Bento Rosa tem içamento de viga durante a madrugada em duas ocasiões nesta semana .Foto: Divulgação
Rodovia segura
Além do aumento na capacidade de tráfego, a construção da terceira faixa na BR-386 também tem como objetivo melhorar a segurança na rodovia. Neste sentido, a Polícia Rodoviária Federal é uma importante aliada. Mas o chefe da 4ª Delegacia, Paulo Reni da Silva, reforça também que é fundamental a conscientização do usuário.
“Trânsito seguro pressupõe três aspectos: trabalho eficaz do órgão de fiscalização, engenharia adequada ao local e conscientização do usuário. Nós vemos essas obras todas como um dos pilares desse grande triângulo, pois a rodovia terá um salto de qualidade muito grande. Vem a somar ao nosso trabalho. Mas de nada vai adiantar se o usuário insistir em condutas danosas”, pontua.
Conforme Reni, com o andamento das obras, é natural que ocorram momentos de lentidão e que exigem mais paciência dos motoristas. “A questão da mobilidade fica atrelada ao tipo de obra definida em contrato. Nesse caso, o que podemos sugerir aos usuários que se adequem a situação e façam os deslocamentos de forma que tenha o menor prejuízo possível”.
Na mesma linha, Farias destaca que a CCR possui equipe treinada para auxiliar na segurança no trânsito. “As vezes temos filas, e prejudica a fluidez no trânsito. Mas trabalhamos para não gerar nenhuma insegurança para o nosso usuário. São obras muito necessárias para melhorar a infraestrutura da região”.
Organização
Representante do Vale na Comissão Tripartite dentro da área de abrangência da BR-386 concedida à CCR ViaSul, Ivandro Rosa observa com satisfação o avanço da obra em Lajeado. Apesar do atraso inicial, em função da demora na emissão de licenças ambientais, acredita que não ocorrerão problemas na entrega das obras.
“Como engenheiro, tenho visualizado bom desempenho e organização nas obras. Creio que será entregue no prazo, pois a ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) acompanha de perto”, comenta. Rosa lembra que, em 2023, com a discussão da repactuação do contrato de concessão (assinado em 2019), será possível rediscutir obras e prazos.
A preocupação maior, segundo Rosa, é com o acesso à ERS-129. “É onde há necessidade de execução rápida. Apenas a vegetação foi suprimida até agora”. O futuro trevo é considerada a obra de arte mais complexa do pacote de investimentos previstos pela CCR ViaSul na ampliação da 386. Ao todo, o investimento total será de R$ 100 milhões.