O trabalho no campo sempre fez parte da vida de Adriana Lodi Rissini, 36. Moradora de Ilópolis, a agricultora não se preocupava com a proteção contra o sol e também não imaginava que a falta de cuidados poderia trazer complicações. Depois de perceber uma mancha na coxa esquerda, ela descobriu um câncer de pele e lida com a doença todos os dias há seis anos.
Este é o tipo de câncer mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 33% de todos os casos registrados no país. Em geral, ele pode ser detectado por irregularidades percebidas em pintas ou manchas pelo corpo. Foi assim, quando Adriana reparou que a mancha mudava de cor e apresentava uma pinta diferente, que decidiu procurar um médico.
“O doutor mandou tirar a pinta, mas ela voltou e aí fizemos a biópsia, que deu um melanoma maligno”, lembra. Depois do diagnóstico, o tratamento exigiu cirurgias na coxa, virilha e axila. Com metástase, agora, também precisa fazer a retirada de manchas no braço esquerdo, abdômen e costas, e aguarda o resultado de mais seis biópsias.
“Eu nunca me cuidei. Eu ia na roça sem boné, de regata, não usava protetor. Sempre exposta ao sol. Mas no momento que a gente descobre a doença, a gente começa a se cuidar”, conta. Hoje, todos os acessórios de proteção são utilizados por Adriana, que também não deixa o protetor solar de lado.
Menos sol, mais saúde
De acordo com a médica oncologista Camila Dagostim Jeremias, esta exposição excessiva e prolongada ao sol é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. A exposição à radiação ultravioleta durante a infância também pode ser prejudicial.
Outros fatores de risco importantes são pessoas com histórico de câncer de pele na família. Além disso, destaca que a patologia é mais comum em pessoas de pele, cabelo e olhos claros ou com grande quantidade de pintas no corpo.
Cuidado com as manchas
Camila explica que o câncer pode se apresentar semelhante a pintas ou a outras lesões benignas. Por isso, conhecer bem a pele faz diferença no momento de detectar qualquer irregularidade.
Depois de alguma suspeita observada, uma avaliação médica e uma biópsia podem detectar o diagnóstico de câncer de pele. “É importante estarmos sempre atentos a alguns sinais de alerta, principalmente manchas que sangram, ardem ou descamam”, destaca a oncologista.
Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor também devem ser observados, assim como manchas ou feridas que não cicatrizam e mudança na textura da pele ou dor na região.
Mudança de hábitos
Uma pinta com essas características foi percebida por Valdoino Alves, 66, no nariz. Acostumado com o trabalho na construção civil, estar ao sol nunca foi um problema para o morador de Lajeado. Até que recebeu o diagnóstico de câncer de pele.
O tratamento iniciou há dez anos, com três cirurgias e 30 sessões de radioterapia. Depois disso, os hábitos de Valdoino mudaram e o chapéu e a camisa de manga longa se tornaram aliados aos cuidados de saúde.
“A gente tem que se cuidar um pouco. O problema da pessoa não é só fazer o tratamento, tem que se cuidar com o sol, com a poeira”, destaca. Apesar de ainda lidar com a doença, Valdoino conta ter o apoio da família, e ter encontrado na Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan), um segundo lar.
Chances de cura
De acordo com a oncologista Camila, quando diagnosticado e tratado de forma precoce, o câncer de pele apresenta boas chances de cura. Por isso, prevenir e fazer exames periódicos é fundamental. Evitar a exposição solar excessiva e proteger a pele dos raios UV são as melhores estratégias de prevenção.
Evitar o sol entre às 10h e às 16h é mais uma forma de prevenção, assim como a utilização de chapéus, bonés e roupas com proteção contra raios ultravioletas. “Além desses cuidados, outra dica importante é observar regularmente a sua pele na busca de pintas ou manchas suspeitas e fazer uma revisão dermatológica, pelo menos, uma vez ao ano”.

Valdoino lida com o câncer de pele há 10 anos. Com o trabalho na construção civil, a exposição excessiva ao sol foi um dos fatores para o diagnóstico da doença. Crédito: Bibiana Faleiro
O protetor ideal
Camila destaca que os protetores ou filtros solares têm capacidade de reduzir e prevenir os males causados pela exposição excessiva ao sol. Entre eles, o envelhecimento precoce da pele, as queimaduras e o câncer de pele.
Na hora de escolher o melhor produto, o mais indicado é o protetor solar com fator de proteção acima de 30, que também apresenta proteção contra os raios UVA e UVB. Além disso, é importante estar atento a um filtro que não irrite a pele e tenha certa resistência à água.
“É importante utilizar protetor solar todos os dias, inclusive em dias nublados, e reaplicar pelo menos a cada 2 horas”. A regra também se aplica aos filtros conhecidos como “a prova d’água”.