Richarlison e os 974 contêineres da Copa

Opinião

Sérgio Sant'Anna

Sérgio Sant'Anna

Publicitário

Assuntos e temas do cotidiano

Richarlison e os 974 contêineres da Copa

Brasileiro adora uma Copa do Mundo. Passados alguns anos do 7 x 1, fica mais fácil torcer pela Seleção. Claro que já houve muito mais entusiasmo. Lembro que, em 1982, fui pra rua e ajudei a pintar muros e calçadas com personagens, como o Pacheco e o Laranjito. Hoje, mesmo sabendo que o evento é uma grande jogada política e econômica, ainda vibro com vitórias suadas como a de ontem, de 1 a 0, frente à Suíça.

Mas a Copa é política, e é marketing. E na busca por consolidar-se como polo econômico e turístico no mundo, Doha cumpre muito bem alguns preceitos estratégicos na construção de sua marca. Um dos aspectos que certamente impactará o mundo – pelo menos assim nos parece – é o nível de inteligência com que pensaram seus estádios, sem que se tornem grande elefantes brancos em meio ao deserto.

O caso mais inovador talvez seja o Estádio 974, com seus 974 contêineres, que será totalmente desmontado e entregue a instituições e países pobres que possam usar a estrutura para atividades de cunho social e esportivo com comunidades carentes.

A estratégia é fundamentada e, inclusive, integra um dos 10 pontos relevantes abordados na publicação Gad Insights, que traz um apanhado de reflexões para quem busca trabalhar sua marca e, com isso, alcançar objetivos mercadológicos e sociais. Polarização, Cancelamento, Pessoas no centro, Metaverso, Histórias com Valor, Diversidade, ESG, Endo, Branding (Forever) e Tempos Híbridos compõem a obra que busca trazer à reflexão pontos chave da construção da marca.

Ao falar de ESG (responsabilidades socioambientais e gestão transparente), o estudo sinaliza que o Social da marca deve atuar com paridade, responsabilidade e legitimidade dentro do âmbito socioambiental, mas não ser focado como diferenciação. ESG é estratégia de negócio, não de marketing – diz o documento. Acima de tudo, deve refletir o posicionamento da empresa e não simplesmente ser peça de propaganda, acredito eu.

Outro dia assisti a um vídeo do Richarlison. Não um vídeo com seus gols, mas sim um vídeo onde fala sobre a ajuda que dá a instituições de caridade e como se sente feliz por fazer isso. Certamente a assessoria do jogador sugeriu ou permitiu que se posicionasse sobre o assunto. Richarlison joga no Tottenham, da Inglaterra, e tem um salário aproximado de 2,5 milhões de reais por mês. Certamente está construindo sua marca. É humilde, dedicado e um baita jogador. Nem precisa de ESG para se transformar numa grande marca depois da Copa.

Pintar de verde suas ações em prol das pessoas é pouco diante da trajetória que está construindo. A mesma sugestão faço a outras marcas: sigam entregando o melhor em produtos e incentivem o consumidor a viver uma experiência verdadeiramente significativa. Ganhar de goleada é questão de tempo.

Acompanhe
nossas
redes sociais