Os tipos psicológicos

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

Os tipos psicológicos

Lajeado

“Na vida dos mortais, há sempre um fato que é símbolo dos tempos decorridos. Observando-o,
podemos ser profetas…”
William Shakespeare

Desde muito cedo o homem adquire interesse por entender e decifrar o seu semelhante. O sentido da visão nos fez avaliadores e, quando conhecemos alguém novo, o perscrutamos verificando se as linhas do rosto são simétricas, qual a cor dos olhos e se o formato corporal nos atrai ou intimida. Em seguida, vem uma avaliação mais subjetiva: julgamos se somos agradáveis ou não a tal pessoa e se ela se mostra simpática, distante, cínica, debochada ou até mesmo abertamente desafiadora.

Há, porém, um elemento oculto que escapa ao primeiro olhar e a percepção geral. Nem sempre conseguimos decifrar as verdadeiras intenções de uma pessoa e, muitas vezes, não sabemos verdadeiramente com quem estamos lidando.
Os Gregos foram os primeiros a ter um interesse mais biológico pelo semelhante e acreditavam na natureza e nos quatro humores: água, terra, fogo e ar, e a partir desses elementos acreditavam em tipos humanos diferentes.

Na Idade Média, ocorre um retrocesso e se adota a ideia de valor eterno da alma humana, fazendo com que o homem tenha uma valorização metafísica. Somos todos filhos do mesmo pai e tudo passa a ser visto pela perspectiva do pecado.

O avanço do relógio do tempo faz com que mais e mais a coletividade desapareça e aumente o interesse na personalidade individual. É nesse ponto que a religião se torna inimiga do conhecimento, defensora que é da fé dogmática e irracional.

E assim como na Alemanha iniciou a Reforma Protestante, também de lá vêm as ideias embrionárias da psicologia dos tipos individuais. Ela surge no final do século XVIII, na obra de Friedrich Schiller, que mais tarde influenciaria Schopenhauer, Nietzsche e por fim Jung.

O ex-discípulo preferido de Freud dá um tratamento mais científico ao tema no seu clássico de 1920: “Os tipos psicológicos”. Nessa obra, Jung observa que algumas pessoas são condicionadas pelas coisas de seu interesse objetivo, enquanto para outros o interesse está no próprio íntimo, ou na subjetividade.

Na extroversão, a energia da pessoa flui de maneira natural para o mundo externo de objetos, fatos e pessoas, em que se observa: atenção para a ação, impulsividade (ação antes de pensar), comunicabilidade, sociabilidade e facilidade de expressão oral. Extroversão significa “o fluir da libido de dentro para fora.” Esse aspecto favorece sua adaptação às condições externas, fazendo com que extrovertido carregue sua bateria convivendo intensamente com os demais.

Na introversão, o indivíduo direciona a atenção para o seu mundo interno de impressões, emoções e pensamentos. Assim, observa-se uma ação voltada para o interior, hesitabilidade, o pensar antes de agir; postura reservada, retraimento social, retenção das emoções, discrição e facilidade de expressão no campo da escrita. O introvertido ocupa-se dos seus processos internos suscitados pelos fatos externos. A bateria do introvertido carrega com seu próprio mundo interior e sua “bateria social” dura muito menos que a do extrovertido.

Obviamente há outras classificações e sistemas, todos tentando entender esse magnífico mistério que é o comportamento humano. Alguns mais científicos outros metafísicos. Sempre é divertido acertar e prever um comportamento, mas surpreender-se, por vezes, pode ser muito interessante.

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