“Queria acabar o ano de maneira boa. Já cumpri vários objetivos, mas tenho alguns a serem completados”. Aos 25 anos, Gabriel Sidney é um dos vários jovens talentos do país que buscam um lugar entre os grandes nomes do tênis no mundo. Natural de Curitiba, é um dos mais de 30 atletas de fora que estão desde o começo da semana em Lajeado para um torneio inédito na cidade.
Com pouco mais de dois anos de carreira profissional, Sidney tenta se aproximar do top 1000 no ranking da ATP (Associação de Tenistas Profissionais). A participação no Lajeado Open foi curta. Caiu nas oitavas de final, após eliminar o sueco Leo Borg, filho da lenda Björn Borg. Nas duplas, foi eliminado na primeira fase.
Se o resultado não foi o esperado, as boas referências sobre a cidade e o Clube Tiro e Caça (CTC) se confirmaram. “Não conhecia Lajeado, mas alguns amigos gaúchos me falaram muito bem da cidade, do clube, das quadras, e isso se confirmou. O público têm prestigiado os jogos e isso é legal. É sempre bom ter competições no Brasil. Temos torneios bons, boas cidades e clubes”, ressalta.
O Lajeado Open segue até domingo, 27, nas quadras do CTC. O torneio faz parte do Circuito Dove Men+Care Legión Sudamericana, que contempla no Rio Grande do Sul, além do Lajeado Open (ITF M25), o São Léo Open (Challenger 80) e o Vacaria Open (ITF M25). A entrada é franca.
Tenista paranaense foi eliminado do torneio, mas seguiu em Lajeado e rasgou elogios à cidade e ao clube / Crédito: Caetano Pretto
Um marco para Lajeado
Ney Arruda Filho é um entusiasta do tênis. Praticante do esporte e ex-presidente do CTC, foi um dos que mais batalhou para que o clube sediasse um evento profissional do esporte. E se emociona ao falar do evento.
“Para Lajeado, é um marco receber tenistas dessa categoria e um nível absurdo de arbitragem. Têm sido emocionante receber o retorno. Todos elogiam a cidade, a nossa receptividade, a estrutura do clube”, exalta ele, que destaca o apoio incondicional da diretoria, presidida por Fernando Röhsig, e conselho do CTC, que permitiram a abertura do clube ao público.
“Tivemos jogos excelentes e, mesmo quem não gosta de tênis, têm ficado impressionado com o nível das partidas. É fantástico. Está todo mundo curtindo. Nossa ideia era fazer um torneio grandioso e estamos conseguindo”, comemora.
Ney Arruda entende que ainda é cedo para o Lajeado Open ter uma certificação maior. “Esperamos retorno tanto da CBT (Confederação Nacional de Tênis) quanto da ITF (Federação Internacional). Pelo que falam, estamos entrando no circuito, mas ainda no segundo degrau (ITF M25). O pessoal já fala em Challenge, mas temos que avaliar primeiro. O próximo degrau é esse”.
Setores movimentados
A presença de pessoas de fora gera impactos em diferentes setores da economia local. A rede hoteleira é uma delas. A organização do torneio fechou parceria com o Imperatriz Hotel, no bairro Florestal. Desde o início do evento, foram mais de 60 hóspedes.
A gerente do Imperatriz Hotel, Bárbara Glufke, comemora a movimentação dos últimos dias. Lembra que alguns tenistas estão acompanhados de familiares, que também aproveitam para consumir em restaurantes e bares. “Teve quem pode acompanhar os filhos e também trabalhar de home office nestes dias”, pontua.
Bárbara lembra que o reflexo do evento começou a ser notado ainda nas vésperas do início, com a chegada da organização. “Conforme os competidores são eliminados, vão embora. Mas uns ficam mais um pouco. É um impacto muito positivo para a cidade como um todo. Envolve bem mais do que a hospedagem”.
No ramo da gastronomia, empreendimentos como a Galeteria Vó Duvina também se beneficiam da presença de pessoas envolvidas com o evento. Para o proprietário, Jóvio Lorenzini, o Lajeado Open deixa um legado para o futuro da cidade. “Eventos desse nível começam a colocar Lajeado em um outro patamar, em nível internacional”, destaca.
No domingo anterior ao início do evento, Lorenzini comenta que mais de 30 atletas e treinadores almoçaram no estabelecimento localizado no bairro Hidráulica. “E muitos voltaram a consumir ao longo da semana. Pediram delivery em hotel, fizemos entregas de pedidos feitos pelo WhatsApp. Eles gostam da forma com que Lajeado os tem acolhido. Encontraram um bom ambiente aqui”.
Imperatriz Hotel fez uma confraternização para os hóspedes do evento na noite de quinta. Local recebeu mais de 60 pessoas
relacionadas ao torneio / Crédito: Divulgação
Calendário de eventos
As primeiras impressões do Lajeado Open são positivas. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura, André Bücker estima que, entre tenistas, comissão técnica, familiares e organizadores, cerca de 200 pessoas vieram a Lajeado exclusivamente para o torneio.
“Tivemos uma lenda do tênis mundial, o que dá uma dimensão muito positiva do bem receber na cidade. E do orgulho que isso gera para nós, em ter um evento desse nível. Dá uma visibilidade grande para Lajeado, tanto em nível interno quanto externo, e valoriza o turismo de eventos”, destaca.
Os elogios à estrutura do CTC e de Lajeado, para Bücker, são indícios de que o evento pode retornar ao município nos próximos anos. “Com certeza vamos tentar viabilizar de novo e manter a data. É extremamente benéfico para nós”.
Orgulho em dobro
Poucas pessoas estão tão contentes com o torneio internacional em Lajeado do que João Vicente Stürmer. Frequentador assíduo do CTC desde a juventude, ele têm a oportunidade de ver o filho, Tiago, trabalhar “em casa”. Árbitro internacional de tênis, foi chamado para atuar no evento.
Stürmer (ao fundo, na cadeira) é lajeadense e atua como árbitro
internacional de tênis / Crédito: Caetano Pretto
“É um orgulho grande vê-lo no trabalho. O Tiago é um filho da terra, que atua nos maiores torneios de tênis do mundo e esteve nas duas últimas Olimpíadas. É uma construção muito bonita”, observa Stürmer, que também foi conselheiro do CTC. “Quando me aposentei e voltei a Lajeado, em 2013, comecei a participar mais e pude contribuir um pouco com o crescimento do clube”.
Lenda sueca
Entre os competidores estrangeiros que passaram pelo Lajeado Open, está Leo Borg. Aos 19 anos, o jovem sueco é uma das promessas do esporte. Sobretudo, por ser filho de Björn Borg, lenda mundial do tênis. E o ex-tenista, seis vezes campeão de Roland Garros e hoje com 66 anos, também esteve na cidade. Foi um atrativo a mais para o evento.
NÚMEROS DO LAJEADO OPEN
200
pessoas, entre tenistas, comissão técnica, familiares e organizadores vieram a Lajeado para o torneio (número estimado);
32
tenistas disputam a fase final do Lajeado Open. Teve também outros 20 eliminados no qualificatório;
48
partidas serão disputadas no torneio ao todo, entre jogos simples e nas duplas;
8
países estão representados entre os atletas inscritos. A maior parte é de brasileiros;
US$ 25 mil
serão distribuídos em premiação aos vencedores do torneio
