Uma jornada empreendedora passa muito pela intuição, mas se sustenta pela capacidade de compreensão e avaliação que só a educação pode proporcionar. Exemplo disso é a Gemelli Sorvetes, inaugurada em 1970, em Santo Ângelo, e desde 1972 presente em Lajeado, com a operação que acabou por se tornar sua sede. Afinal, antes do sorvete, o processo que levou a criação da empresa passou diretamente pela educação.
Criada pelos irmãos Nelson, Egídio e David Gemelli, a empresa foi fruto de um processo de construção de autonomia da família por meio da instrução. Isso porque dois fatores foram essenciais para sua formulação. O primeiro foi a experiência de Nelson, que se mudou para Lajeado em meados dos anos 1960 para fazer um curso de marcenaria no antigo colégio São José, hoje Castelinho, com o objetivo de se tornar um professor de técnicas industriais. “Ele saiu de Viadutos e se mudou para Marcelino Ramos a fim de dar aulas. E foi lá que as coisas começaram a acontecer”, conta Nilson Gemelli, filho de Nelson e atual Diretor Executivo da Gemelli Sorvetes.
Na cidade, acontece o segundo ponto. Havia uma fábrica local de máquinas para produção de sorvete, que vendeu equipamentos para uma empresa de Santo Ângelo. Porém, a operação funcionou durante apenas um verão. Nelson, o professor local, soube disso e compartilhou com os irmãos a informação. Desta forma, o trio reuniu os valores possíveis, comprou o maquinário e apresentou ao público a Gemelli Sorvetes.
“Ainda que um pequeno empreendimento seja mais uma decisão corajosa do que um estudo efetivo de mercado, meu pai e seus irmãos sempre colocaram Lajeado no horizonte. Meu pai sabia que era uma cidade forte, que tinha um desenvolvimento econômico interessante já naquela época. E em 1972, meu pai trouxe a empresa para cá”, conta Nilson.
Inicialmente, era apenas um funcionário. No ano seguinte, toda a família. Na época, o consumo de sorvete, por ser uma produção artesanal, era mais restrito. Isso obrigava a Gemelli a investir em outras áreas durante o inverno, como produção de rapaduras, sonhos, pastel e cocada. No início dos anos 1990, a empresa conseguiu, enfim, se dedicar exclusivamente à produção de sorvetes. “O consumo, antes, era por impulso, na rua. Com a possibilidade das pessoas comprarem seus freezers, o mercado mudou, já que era possível disponibilizar sorvetes na residência do consumidor”, avalia.
A empresa se tornou uma das mais tradicionais de Lajeado, com fábrica, showroom e presença em diversas regiões do Estado. “Aquele sorvete artesanal se transformou numa indústria. Hoje, se produz com uma qualidade maior, com os mesmos ingredientes. A nossa vida é o sorvete”, conclui Nilson, que mostra que a educação também abre caminhos para a indústria, o comércio e o empreendedorismo.
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