Em todo o país, a cada ano, são registrados cerca de 340 mil nascimentos de bebês prematuros. O número coloca o Brasil entre os dez países com mais incidências de prematuridade no mundo. Além disso, esta é considerada a principal causa global da mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade.
À medida que essas crianças crescem, desenvolvem maior risco para problemas de aprendizagem e questões comportamentais, deficiências motoras, infecções respiratórias crônicas e doenças cardiovasculares ou diabetes, em comparação com bebês nascidos a termo.
Para conscientizar sobre a prematuridade, cujo dia mundial é em 17 de novembro, foi criado o Novembro Roxo, movimento que ganhou força nos últimos anos. Os assuntos foram destaque em “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. A edição da última quinta-feira, 10, teve como convidada a médica pediatra neonatologista Simone Reichert.
Coordenadora da UTI neonatal do Hospital Bruno Born (HBB), Simone abordou a importância do trabalho multidisciplinar desenvolvido na unidade e também pontou sobre a conscientização das famílias sobre a questão da prematuridade.
“Nós temos um espaço muito importante, que cresceu bastante e tem uma relevância significativa para a região. Antes, tínhamos a UTI mista, agora tivemos a separação e trabalhamos só com bebês pequenos, de zero a 28 dias”, salienta.
Acolhimento e humanização
Para Simone, o acolhimento é um processo importante no atendimento de um bebê prematuro. Destaca a atenção humanizada, por meio do Projeto Canguru. “Colocamos o recém-nascido em contato com o ambiente familiar e começa a desenvolver a imunidade. Esse método faz muito a diferença. Foi um divisor de águas na assistência neonatal”.
O contato pele a pele, não só entre a mãe e o bebê, também é valorizado dentro da UTI neonatal. “E o Projeto Canguru coloca o bebê em contato com o ambiente familiar. É uma preparação também para a alta da UTI”.
Saúde dos pais
No novembro roxo, um dos pontos mais abordados na questão de prevenção é o cuidado que os pais devem ter, antes mesmo da gestação. “Não só as mulheres, mas o homem precisa se cuidar. Precisamos de pais saudáveis também. É de extrema importância o cuidado com as pessoas. Antes do pré-natal, tem que pensar também no indivíduo, trabalhar a prevenção em saúde e adotar hábitos mais saudáveis, com exercícios físicos”.
Desafios na pandemia
Conforme Simone, no período mais crítico da pandemia, a UTI neonatal teve que se adaptar. Foi um momento difícil, mas superado. “As crianças estiveram protegidas nesse período, mas muitos bebês nasceram prematuramente por mães que tiveram complicações e ficaram em situações mais graves. Graças à Deus as crianças passaram praticamente ilesas”, comenta.
Sem a possibilidade do contato próximo, Simone lembra que algumas medidas foram implementadas para tentar aproximar o bebê prematuro das famílias. “Fazíamos chamadas de vídeo para mostrar o bebê na incubadora. E os pais que chegavam com sintomas respiratórios eram barrados. Tudo o que trabalhávamos de aumentar o vínculo com os pais, tivemos que readaptar”.