Um dos principais ídolos da história do Internacional, Andrés Nicolás D’Alessandro esteve em Lajeado na quinta-feira, 10, para palestrar no Teatro Univates. Em pouco mais de três horas, falou desde o seu início na Argentina até as projeções de futuro, passando pelas aventuras na Alemanha, Inglaterra, Espanha e Uruguai, e a carreira vitoriosa no Colorado. Antes de subir ao palco, concedeu entrevista para o Grupo A Hora.
Em um teatro lotado, D’Ale cativou o público em momentos que misturaram a descontração e a emoção. Falou das dificuldades para virar atleta profissional, das frustrações no início da carreira e por não ter deslanchado na Europa, de laços familiares e amizades que construiu ao longo de mais de 20 anos como atleta profissional, e até da emoção em hoje ser considerado brasileiro.
Preocupado com o público, ficou surpreso ao ver o Teatro Univates lotado e interagiu com os cerca de mil espectadores que estiveram na plateia. “Eu sou mais uma história dentro do futebol. A história de um atleta que conseguiu vencer. Nada mais do que isso. Acredito que vários valores importantíssimos me trouxeram a poder falar com o público.
São esses valores que eu gostaria que as crianças absorvessem. Eles podem ter uma carreira muito melhor do que a minha, a vida não se resume a futebol. É preciso trabalhar, ter respeito, educação. Essas são as bases da minha vida, da minha história, de tudo que eu passei”, disse antes de subir ao palco. Após as mais de três horas de palestra, D’Ale ainda teve energia para atender aos centenas de fãs que buscavam por fotos, autógrafos e recordações com o ídolo. Um momento que com certeza não será esquecido pelos colorados.
“O importante é continuar levando meu legado, minha maneira de encarar a vida e o futebol”
Aposentado dos gramados, D’Alessandro percorre o estado com a palestra: “D’Ale: O ídolo como você nunca viu!”. Antes de subir ao palco do Teatro Univates, o ex-camisa 10 concedeu entrevista ao Grupo A Hora.
Como é deixar os gramados e percorrer o estado para falar da tua história?
Eu continuo treinando, fazendo minhas coisas. Já foram muitas palestras, desde 2019. O único objetivo é me aproximar do apaixonado pelo futebol. Fui a muitas cidades que eu não conhecia, que o Inter nunca esteve. Essa aproximação é sensacional, faz bem para o público e faz bem para mim. O importante é continuar levando meu legado, minha maneira de encarar a vida e o futebol.
Como é a relação com os atletas e a torcida do Grêmio?
A rivalidade é muito grande, é preciso saber até onde ela chega. Eu acho que sei administrar essa rivalidade. Tenho contato com o Dida, Zé Roberto, Marcelo Grohe, Pedro Geromel, Jonas. Eu respeito os atletas que passaram pelo Grêmio e foram meus adversários. O Tcheco, o Souza. Eu cheguei e entendi o que era a rivalidade Gre-Nal, e os atletas que eu me dei melhor são os que também sabiam o que ela representa. O atleta precisa unir forças, o futebol é uma arma muito forte de transformação da sociedade.
O quanto foi importante ter a consciência de que você precisaria seguir outro caminho após a carreira de atleta?
Essa consciência não é todo mundo que tem durante a carreira. Nós somos focados em treinar, em jogar, em manter a nossa forma em dia. Tem cobrança por parte do clube, do técnico, da torcida. Mas não são todos que conseguem se ligar de que isso uma hora vai acabar. Eu digo que recebi sinais ao longo da carreira. E consegui absorvê-los. Eu tenho o pensamento, que para mim é simples, de que o futebol me deu tanto e me abriu tantas portas que eu deveria devolver alguma coisa.
Como avalia o Inter após a tua aposentadoria?
O nosso ano não começou nada bem, e eu digo o nosso porque eu participei dos primeiros quatro meses. O Cacique chegou e não conseguiu transmitir o que poderia, não fez um bom trabalho. Veio o Mano e conseguiu em pouco tempo trazer resultados. Mas o rendimento também é muito bom, e o rendimento é até mais difícil de conseguir do que o resultado. Com alguns reforços, acredito que o Inter possa ter alguma esperança maior de títulos.
Além do Gre-Nal, como é quebrar a barreira Argentina e Brasil?
Para mim é um orgulho. Eu agradeço muito o Brasil por ter me aberto as portas. Expliquei para a galera da Globo, onde vou comentar os jogos da Copa, que sou argentino e depois brasileiro. Óbvio que vou torcer para a Argentina primeiro. Os dois tem grandes chances de se enfrentarem na semifinal. Sei que não é fácil um argentino fazer o seu nome nesse país, e eu consegui fazer o meu. O valor que tem este reconhecimento é imensurável.