Memórias a bordo do Cisne Branco

ATRAÇÃO NA EXPOVALE

Memórias a bordo do Cisne Branco

Icônico barco de Porto Alegre, navegava pelo Rio Taquari há 34 anos. Neste fim de semana, ele retorna à região durante a Expovale + Construmóbil 2022 e, já na primeira viagem, partiu de Taquari com mais de 140 passageiros

Memórias a bordo do Cisne Branco
A última passagem do barco pelo Vale foi há 34 anos. Desta vez, a atração também oferece passeios temáticos a bordo. Crédito: Júlia Amaral
Vale do Taquari

Nem todo barco que cruzou o Rio Taquari na década de 1980 estava a serviço do transporte de cargas. Alguns, mais enfeitados e atraentes, faziam a festa dos turistas. O Cisne Branco, que se tornou ícone em Porto Alegre, fez parte dessas boas memórias. Depois de 34 anos de sua última passagem pelo Vale, ele volta à região para compor a programação da Expovale + Construmóbil 2022, com quatro dias de passeio.

Com 320 km percorridos e quase 12 horas de viagem de Porto Alegre a Lajeado, nessa sexta-feira, o Cisne Branco passou por Taquari, onde os tripulantes foram recebidos com feira de artesanato e apresentações artísticas. Na cidade, os taquarienses subiram a bordo para participar do caminho até o município sede das feiras de negócios.

Entre eles, Flávio de Andrade, 56, que, por meio do passeio, reviveu as origens e memórias da família. Ele conta que no início dos anos 80, quando tinha 14 anos, já fazia viagens e ajudava nos serviços a bordo de embarcações. Na época, os transportes marítimos carregavam areia extraída do Rio Jacuí e cascalhos vindos do Taquari. A partir de 1983, então com 17 anos, Andrade assinou carteira como ajudante de convés e passou a trabalhar como marinheiro.

Naquele tempo, ele já conhecia o Cisne Branco, que fazia viagens em Porto Alegre. A embarcação também percorria o trajeto até Lajeado, com passagem por Taquari. “Não sei precisar a frequência, mas imagino que ele vinha umas três ou quatro vezes por ano”, lembra.

Um novo caminho

Envolvido com serviços e viagens pelo rio por cerca de cinco anos, o percurso de Andrade pelas águas era sempre de Taquari a Porto Alegre. Na manhã de sexta-feira, foi a primeira vez que percorreu o trajeto de Taquari a Lajeado.

“Não conhecia o percurso, então a expectativa era muito grande. Primeiro de relembrar aqueles tempos de viagens a passeio e trabalho. Relembrar aquele tempo contemplando as belezas do nosso Taquari”, destaca.

Para ele, navegar pelas águas do rio é uma volta ao passado. Andrade conta que o pai esteve ligado à navegação, trabalhando com a família quando jovem no serviço de transporte de madeira. Depois, passou a atuar nas dragagens, com a extração de cascalho do rio. Mais tarde, também trabalhou na barca da travessia entre Taquari e General Câmara.

Hoje, Andrade é engenheiro civil, e coordenador de aprovações de projetos no setor de planejamento da prefeitura, e teve envolvimento na restauração da chamada “Escadaria do Porto”, em Taquari. Os degraus centenários foram construídos durante o período em que o rio era principal passagem de transportes de carga e passageiros.

O Porto de Taquari

No início do século XX, mais de 20 empresas de navegação fluvial atravessavam os rios do estado com vapores. A principal delas era a Arnt, que passava pelo Taquari. Dos cais do Rio Guaíba, seguiam em direção a São Leopoldo, Estrela, Taquari, Pelotas, Rio Grande, Santo Amaro e Rio Pardo.

A partir de 1941, quando a primeira linha rodoviária foi instalada, as estradas passaram a ser mais frequentadas do que o rio. Antes disso, uma pequena escadaria de alvenaria foi construída às margens do Taquari.

A história conta que, por esses degraus, um morador da cidade chamado Arthur da Costa e Silva, de 12 anos, passou para subir a bordo do vapor Brasil para desembarcar no Colégio Militar, em Porto Alegre. Lá, deu os primeiros passos à presidência do país.

Orlas preparadas

Para receber o Cisne Branco, a Escadaria do Porto foi pintada e recebeu um corrimão para garantir a segurança dos turistas. Também foram instaladas mesas, bancos, lixeiras e iluminação no local.

Em Lajeado, o Porto dos Bruder também recebeu reparos. Foram instalados bases de ferro ao longo de 50 metros para o transporte ser amarrado. Além disso, foi feita a cobertura da encosta de pedra com telas e uma barreira de pneus para evitar o atrito do casco com as pedras da margem. Uma balsa, que servirá para conduzir os passageiros até o barco, também fez parte do projeto.

Programação

Os passeios ocorrem nos dias 12, 13, 14 e 15 de novembro, com embarque em Lajeado, no Porto dos Bruder. Com jantares temáticos da cultura italiana, açoriana e alemã, os passeios também são temáticos, e recebem apresentações artísticas.

No dia 12, um cardápio elaborado pelo chef Valmir Coelho integra a Noite do Comandante. Serão 4h de passeio, com trajeto que passa pelo paredão de Carneiros e pelo Belvedere próximo a antiga casa de Bruno Born.

De acordo com o coordenador do passeio na região, Luis Eurico Librelotto, a maior parte dos interessados nas viagens são pessoas do Vale que tiveram ligação com o rio e, hoje, recordam os tempos de navegação ou de antigos passeios pelas águas. O Cisne Branco volta à sua cidade natal na quarta-feira, 16, com nova passagem por Taquari.

SOBRE O CISNE BRANCO

Lançado em 1978, o Cisne Branco se tornou referência de turismo fluvial no Rio Grande do Sul. Em 2016, o barco enfrentou um temporal e os ventos de mais de 120 km foram capazes de afundar a embarcação.

Com 40 metros de comprimento, 40 toneladas e três decks, tem capacidade para transportar 300 passageiros e 20 tripulantes. O barco possui um tanque de tratamento de dejetos, para não lançá-los diretamente no rio e, desta forma, não poluir suas águas.

Existe uma ideia de trazer a embarcação para o Vale mais vezes no ano. Para isso, no entanto, é preciso ter espaço na agenda do barco e projetos financeiros para viabilizar a vida do Cisne Branco.

Cisne Branco nos primeiros anos de operação. Crédito: Arquivo/Divulgação

Ingressos

Os tickets podem ser adquiridos a partir de R$ 30 para crianças e R$ 40 para adultos, conforme o formato da navegação: 1h30min ou 2h. As vagas são limitadas, sendo 280 ingressos para os passeios regulares e 140 para os que incluem refeições.

As reservas podem ser feitas nas agências de turismo dos Vales do Taquari e Rio Pardo, com a Operadora Librelotto Tour ou pelo e-mail atendimento02@librelottotour.com.br. Mais informações podem ser conferidas pelo whatsapp (51) 9 8165-9677.

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