Abstenção no Vale cresce e contraria tendência nacional

ELEIÇÕES 2022

Abstenção no Vale cresce e contraria tendência nacional

Com quase 21%, Lajeado teve o maior índice de ausentes na região. No país, houve queda na comparação com o primeiro turno. Especialista defende transporte gratuito em dia de eleição para que mais eleitores possam votar

Abstenção no Vale cresce e contraria tendência nacional
Abstenção no maior colégio eleitoral do Vale passou dos 20% no 2º turno. Crédito: Caetano Pretto
Vale do Taquari

Mais eleitores faltaram às urnas no Vale do Taquari no segundo turno. Diferente do movimento registrado em nível nacional, o índice de abstenção na região aumentou na comparação com os números registrados no primeiro turno. Foram 17,09% ausentes no último domingo, ante 16,24% no dia 2 de outubro.

São quase 50 mil pessoas, num universo de 292,1 mil eleitores da região, que deixaram de exercer o direito do voto no segundo turno. Ainda assim, a abstenção no Vale é inferior aos percentuais registrados no Rio Grande do Sul (19,32%) e no país (20,58%).

Além da descrença de uma parcela da população com a política, a presença de dois feriados na semana pós-eleição – um nacional e outro em municípios específicos – também são fatores que contribuíram ao aumento da abstenção na região. Muitas famílias compraram pacotes ou programaram viagens estendidas de forma antecipada.

Já os votos em branco ou nulos representam um percentual menor na região. Apenas 3,96% dos eleitores do Vale que foram às urnas não escolheram um dos dois candidatos à presidente. Já na disputa ao Palácio Piratini, o índice chegou a 6,18%.

Lajeado no topo

O crescimento do percentual de eleitores ausentes no segundo turno no Vale ocorreu em 19 municípios. Lajeado, por exemplo, registrou a maior abstenção da região, com 20,8% (13,1 mil eleitores). O índice subiu mais de 2% na comparação com o primeiro turno, quando ficou em 18,23%.

Outra cidade a passar dos 20% de abstenção foi Estrela, segundo maior colégio eleitoral do Vale. No ranking dos ausentes, entre os dois municípios, aparece Putinga, que reduziu o percentual em relação ao dia 2 de outubro, mas fica acima da média nacional.

Por outro lado, em outros 19 municípios a abstenção do segundo turno foi menor do que a do primeiro. Destaque para Relvado, que caiu de 20% para 16%, e Anta Gorda, cuja queda foi de 14% para 11%. A cidade com menor percentual de ausentes é Progresso (11,54%).

Passe livre e polarização

Para o cientista político e professor Bruno Lima Rocha, a redução em nível nacional pode ser atribuída a instituição do passe livre tanto no transporte municipal quanto intermunicipal em algumas regiões. “As abstenções têm relação direta com as condições econômico-financeiras de muitas pessoas. Nem sempre a zona eleitoral é perto de casa, por exemplo”, argumenta.

Rocha observa a necessidade de institucionalizar o transporte gratuito como política nacional em dias de eleição para redução do índice de faltantes. “Uma política pública bem organizada, feita de cima para baixo e com responsabilidade fiscal, funcionaria bem. Isso seria explicado ao longo dos meses que antecedem a eleição. Hoje, na dúvida, a tendência das pessoas é não arriscar o seu tempo”.

Outro ponto analisado por Rocha é que a polarização nacional também puxou a abstenção para baixo. “O segundo turno tem essa presença de dois projetos políticos, o que leva a um antagonismo em todos os níveis. Tem um engajamento maior, até daquelas pessoas que não estavam interessadas na política, mas que discutem via redes sociais”.

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