No Estado, Leite emenda mandato e quebra um marco histórico de nunca reeleger governador. No país, a volta de Lula trava um ciclo de desenvolvimento voltado ao empreendedorismo e reaviva a força do sistema enfrentado por Bolsonaro. Acima de tudo isso, é hora de todos governarem para todos e acabar com a disputa do “nós” e o “eles”.
Eduardo Leite (PSDB) entra para a história do Rio Grande do Sul como o primeiro governador reeleito até hoje. Longe de fazer um governo perfeito, ele volta ao Palácio Piratini pela gestão orientada ao enxugamento da máquina, por devolver a capacidade de investimento do Estado e por caminhar longe de polêmicas de corrupção. Com Leite, o Estado experimenta uma sequência de políticas públicas. A soberba e a truculência com alguns temas, como por exemplo, o debate das concessões das rodovias, quase o tiraram do segundo turno e devem ser as grandes lições para seu segundo mandato.
Em âmbito nacional, o país breca um virtuoso ciclo de derrubada do sistema e devolve ao comando da nação o fisiologismo e o temor com a relativização da corrupção, marcas dos mandatos recentes do PT .
As urnas são soberanas. Passados primeiro e segundo turnos, resta-nos arregaçarmos as mangas, olhar em frente e seguir trabalhando. Afinal, independentemente dos governos, coisas boas nos reservam no Brasil, cujo país apresenta – ao contrário do que Lula sustentou de forma mentirosa na campanha eleitoral – um dos melhores índices de desenvolvimento pós-pandemia. O Vale do Taquari que o diga. O pleno emprego e o rol de oportunidades para quem busca a emancipação empreendedora apontam para um cenário virtuoso nos próximos anos.
Bolsonaro venceu de forma acachapante a disputa aqui no Vale, o que cria uma ressaca significativa. Ainda assim, não há tempo para lamentações ou pregações apocalípticas. Ainda que o passado recente nos deixe cheio de dúvidas e temores sobre o sistema de governo de Lula e do PT, o Congresso tem um “domínio” do bolsonarismo, o que pressupõe vigilância e dificuldades acima da média para o lulopetismo e a sua eventual tentativa de emplacar mudanças em direção ao assistencialismo exagerado e as travas da liberdade econômica.
Vida que segue. É hora de tirar a agenda eleitoral da pauta e olhar para o Brasil. Lula em nível federal e Leite aqui no RS, precisam – ao menos deveriam – deixar de lado as diferenças político-partidárias e auxiliar na derrubada da polarização, que protagonizou uma das eleições mais acirradas da nossa história.