A Educação como prioridade de fato e não só no discurso. Essa é uma afirmação presente entre gestores de escola, professores, profissionais ligados ao ensino, representações do magistério e especialistas. Desafio complexo, que perpassa desde a formação básica até os níveis técnico e de graduação.
Junto com isso, uma preocupação acompanha líderes locais: a desigualdade entre as redes pública e particular. Conforme o gerente operacional do Senai Vale do Taquari, Jerry Amarildo Hibner, ainda que a instituição de ensino tenha uma metodologia própria, com uma oferta de cursos profissionalizantes partam da organização das industrias, há uma defasagem muito grande em conhecimentos básicos de Matemática e Português.
“Temos muitos alunos da rede pública do Ensino Médio que não conseguem fazer cálculos simples, com muita dificuldade em interpretar textos. Para nossas formações, partimos do pressuposto de que eles já sabem”, frisa.
Com esse déficit, diz, é preciso rever o cronograma de conteúdo para sanar dúvidas. “Perdemos tempo ensinando algo que seria obrigação da escola”. Segundo Hibner, quando o estudante vem de um colégio privado, há mais base. “Para um próximo governador, reduzir a distância entre rede particular e pública é fundamental. Teríamos profissionais de alto nível em todos os setores”, acredita. Para ele, a melhoria na qualidade da rede pública passa por investimento na infraestrutura das escolas, também com salas de aulas mais tecnológicas e programas de qualificação do magistério.
No Vale do Taquari, conforme a 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), são 82 escolas em 32 municípios. O total de alunos na rede pública estadual ultrapassa as 19 mil matrículas. A região tem 836 professores concursados em atividade. Em termos de contratos emergenciais, são 780 profissionais nas salas de aula.
Formação técnica
Setores produtivos realçam a dificuldade em encontrar profissionais técnicos. Uma das alternativas para conseguir preencher essas lacunas está em políticas públicas para incentivar alunos para cursos profissionalizantes em meio ao Ensino Médio.
“A carência de profissionais com formação técnico-científica é gritante em todas as áreas, na região, no Estado e no país. Não adianta a legislação prever itinerários no Ensino Médio, se os professores não vivem a realidade do mercado, e as escolas não têm estruturas de laboratórios com tecnologia atual”, avalia a diretora do Centro de Educação Profissional da Univates, Edi Fassini.
De acordo com ela, há excelentes escolas técnicas no RS, no entanto, a maioria não é pública. O governo do Estado deveria financiar cursos técnicos aos alunos da rede, aprimorando o que foi o Pronatec, diz Edi. “O RS se transformaria rapidamente a partir de convênios com escolas técnicas. Isso teria resultado muito rápido com valores menores de investimento do criar colégios públicos de educação profissional.”
Formação de professores
Diversas redes de ensino enfrentam dificuldade em encontrar professores. “Isso é muito preocupante”, diz a coordenadora dos cursos de Pedagogia e Letras da Univates, Grasiela Bublitz. Para ela, é preciso de políticas públicas que valorizem a carreira docente, com melhores salários e investimento em formação continuada de qualidade.
“A educação precisa ser prioridade em qualquer plataforma de governo para que nossas crianças possam exercer a cidadania com consciência crítica e sabedoria. O que muitos jovens desconhecem é a grande oferta de vagas para professores em todas as áreas.”
AÇÕES ESPERADAS
- Políticas de valorização dos professores;
- Melhoria da infraestrutura das escolas;
- Incentivo aos jovens que escolhem o magistério;
- Convênios do setor público com cursos técnicos;
- Ampliação de financiamentos estudantis.