Responsável por 3,6% do Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária gaúcha, a região tem no setor primário uma das principais forças econômicas. Ao mesmo tempo, há gargalos que travam o desenvolvimento nesta área. Esses desafios são elencados por líderes e estão entre as reivindicações aos futuros gestores.
Para o pequeno produtor, o apoio com crédito subsidiado, programas de irrigação, incentivos à sucessão na propriedade e segurança previdenciária são prioridades. Ao mesmo tempo em que viabilizar a produção nos diferentes segmentos, a indústria da transformação também carece de incentivos para manter seu potencial de gerar emprego e renda.
As agroindústrias voltadas aos grãos, lácteos e carnes entendem que é preciso qualificar e diversificar os modais logísticos para reduzir custos de produção, além de política voltada ao incentivo do processamento da matéria-prima. Muitas empresas do Vale já atuam nesse segmento, mas ainda há uma expressiva parcela de commodities destinadas para exportação e que depois retornam ao país com valor agregado.
Apoio à agricultura familiar
Incentivos à permanência dos jovens no campo, liberação de crédito com juros subsidiado e oportunidades para compra de terra. Essas são algumas das reivindicações ligadas à agricultura familiar. Pela avaliação do coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Marcos Hinrichsen, os próximos gestores precisam estar atentos a esses aspectos.
“É preciso dar maior atenção aos pequenos produtores que por muitas vezes são deixados de lado. Isso reflete de forma direta com a renda das famílias. Hoje, até existem alguns programas, mas muito tímidos”, considera Hinrichsen. Outra área essencial é o avanço na distribuição de internet às localidades do interior.
De acordo com o dirigente regional, a conectividade é pré-requisito para incentivar a sucessão nas propriedades. “Os jovens precisam ter esse acesso seja para entretenimento, qualificação e inovação da atividade”, defende Hirichsen.
Além disso, ele espera dos futuros gestores ações para controlar custos de produção, garantir a produção e importação de fertilizantes, redução no valor dos combustíveis e melhorar as relações internacionais de importação e exportação. “O governo comprometido com uma atividade faz a diferença na vida de quem produz e consome.”
Indústria da transformação
Tanto em âmbito nacional quanto estadual, líderes ligados às agroindústrias esperam reconhecimento da importância deste segmento econômico. De acordo com o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, é preciso valorizar e traçar estratégias de incentivos diante da vocação em gerar emprego, renda e agregar valor à matéria-prima.
Ele indica expressivo potencial por meio das exportações do agronegócio. “Cabe aos agentes públicos perceberem isso, pois nosso setor contribui para o Brasil se tornar um player competitivo no cenário mundial”, reitera Bayer. Para que isso se consolide, reforça a necessidade de incentivar a industrialização para agregar valor às commodities.
Outro desafio tem relação com a infraestrutura logística. “O Vale é um grande importador de grãos e, também, um grande exportador de alimentos industrializados. Atualmente todo este transporte é por rodovias, o que gera maior custo logístico.” Nesse sentido, Bayer defende investimentos que permitam a integração de modais, em especial com ferrovias.
AÇÕES ESPERADAS
- Incentivar a industrialização e agregar valor às commodities;
- Reduzir custos de produção e melhorar a competitividade do setor primário a partir da integração de modais logísticos;
- Crédito com juro acessível;
- Incentivos à habitação;
- Fortalecimento da previdência;
- Programas voltados à irrigação, aquisição de alimentos e incentivo à permanência dos jovens no campo..