A remuneração do litro de leite ao produtor recuou 14% em outubro, conforme dados da Embrapa. Há, pelo menos, dois fatores indicados como responsáveis por esse cenário. O primeiro deles é a entrada do período de safra com aumento de produtividade, em especial no Sudeste. Já outro movimento que interfere no preço pago pela indústria é o incremento na importação de lácteos. Hoje, esse volume representa 10% da produção nacional.
Por outro lado, o custo de produção para o produtor rural segue elevado e preocupa cada vez mais quem está no setor. Há inclusive projeções para novas reduções nos preços diante do recuo no consumo do leite durante os meses mais quentes do ano. Na região, o pequeno produtor recebeu este mês pouco mais de R$ 2 por litro. Já os médios e grandes, com bonificações e incentivos por qualidade, o valor se aproxima a R$ 3. Nos supermercados o preço também está em queda. O litro de leite UHT vendido por R$ 4,69 na semana passada agora é encontrado a R$ 3,69.
Em meio a instabilidade no setor, se percebe importantes movimentos por parte das agroindústrias da região. As cooperativas investem para diversificar a linha de lácteos e agregar valor. Ainda em julho a Dália lançou sua linha de queijos com cinco variedades. O investimento na unidade em Arroio do Meio alcançou R$ 14 milhões. A Languiru também prepara sua queijaria. O valor aplicado na unidade deve chegar a R$ 30 milhões.
Valor do litro
MERCADO
julho – R$ 8,80
agosto – R$ 4,79
setembro – R$ 4,69
outubro – R$ 3,69
PRODUTOR
julho – R$ 2,94
agosto – R$ 3,35
setembro – R$ 2,88
outubro – R$ 2,52
FONTES: Receita Estadual/ RS e Emater/RS-Ascar
Declaração anual prorrogada
O Estado prorrogou para 11 de novembro o prazo para produtores entregarem a declaração anual do rebanho. O documento é obrigatório e serve para atualizar as informações das propriedades. Até agora, a secretaria estadual de Agriculta recebeu 60% das 380 mil declarações previstas.
Pastagens de verão em atraso
Dados semanais da Emater/RS-Ascar indicam a semeadura das pastagens de verão com atraso. As condições do tempo, com período mais chuvoso entre agosto e setembro são fatores que retardaram a implantação das áreas. Como destaque deste ano, os agricultores investem em materiais mais produtivos, entre eles, milhetos híbridos. Já as lavouras de milho para silagem estão em diferentes estágios. Na região de Estrela e Teutônia a primeira safra foi toda plantada, mas ocorre a infestação da cigarrinha.
Competitividade da carne suína
Pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indica forte alta nos preços da carne suína. Enquanto isso, os da proteína bovina apresentam queda, e os de frango, pequena alta. Diante disso, na parcial de outubro, a competitividade dos cortes suínos caiu frente aos demais. Se para o consumidor impacta na hora de decidir qual carne comprar, para o produtor representa a busca pelo equilíbrio na atividade. De acordo com levantamento da Associação de Criadores de Suínos do RS (Acsurs), o preço do quilo vivo na produção independente subiu de R$ 6,66 para R$ 7,08. No caso dos integrados, se mantém em R$ 5,40 desde agosto.
Frio fora de época e os riscos ao campo
Os institutos de meteorologia indicam temperatura incomum para o início do mês de novembro. A maioria dos modelos sinalizam para chance de geada entre terça e quarta-feira da próxima semana. Nestes dois dias as mínimas podem ficar abaixo dos 5ºC em cidades da microrregião alta do Vale. Esse cenário é preocupante para a produção agrícola. Aliás, a sequência de dias com frio em setembro já interferiu no desenvolvimento das lavouras de tabaco, milho e trigo. A eventual formação de geada traz risco de perdas com o congelamento da água na planta.