O mito de Procusto

Opinião

Carlos Schäffer

Carlos Schäffer

Advogado

O mito de Procusto

Os leitores que se interessam por saber o que está acontecendo no Brasil, e que não se limitam a assistir ou ler notícias que são divulgadas pela velha imprensa, na sua grande maioria comprometida, devem estar vendo o que algumas autoridades estão fazendo para criar crises sem sentido, que impedem o bom relacionamento entre os poderes da República. Vendo como agem, lembrei de uma história da mitologia grega, denominada “O Mito de Procusto”.

Procusto era um gigante que trabalhava em uma estalagem que oferecia hospedagem para viajantes. Na estalagem tinha duas camas de ferro que ele oferecia aos hóspedes que ali chegavam para descansar. Ocorre que à noite, enquanto os visitantes dormiam, ele aproveitava para amarrar suas vítimas.

Se a pessoa fosse mais alta e seus pés ou a cabeça não coubessem exatamente nas dimensões da cama, Procusto os cortava. Se a pessoa fosse menor, ele quebrava seus ossos para ajustar o corpo às medidas da cama que escolhera. E ele procedia de tal forma, claro, que os hóspedes nunca cabiam no leito.

O gigante procedeu assim por muito tempo, matando pessoas, até ser capturado por Tseu, que o prendeu na sua própria cama e cortou-lhe a cabeça e os pés. A moral desta lenda se dirige àquelas pessoas que pretendem impor, a qualquer custo e sem hesitar, suas ideias a um determinado padrão, para fazer com que todos se encaixem nelas.

O conflito de ideias é algo saudável, mas a imposição forçada de umas sobre outras não. Se isso acontece, resta caracterizada a intolerância do opressor e a decorrente perda da liberdade do oprimido, fato que aqui pode acabar numa convulsão social ou numa ditadura.  Parece que é isso que certos inconsequentes querem que aconteça.

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