Ninguém vive para sempre, e todos sabemos disso. Mas lidar com a possibilidade da morte, que está sempre presente, é terrível. Não há dor maior do que imaginar como seriam os dias sem aqueles que amamos. E, por isso, eu não sei de onde vem a força que as mulheres com câncer de mama e seus familiares encontram. Mas encontram. E muitas vezes vencem a morte pela vontade absurda de viver.
Todo mês de outubro essas histórias de superação aparecem. Incrivelmente, elas nunca se repetem. Cada mulher e cada família tem a sua forma de lidar com aquele caos que chegou sem ser convidado e insiste em ficar. Para mandar o problema embora, muita coisa vai junto. Às vezes o cabelo, a autoestima, a força física. Para cada uma bate de jeito, mas ninguém se entrega.
Nessa semana, entrevistei a Grasiela, que enfrentou o câncer de mama em 2014. Quando perguntei sobre a queda de cabelo, ela me disse que isso não foi um problema, que ela adorava os lenços e quase não usou a peruca que ganhou. Ela fez um book fotográfico exibindo a careca e, vendo aquelas fotos, nada poderia me convencer de que aquela mulher não iria vencer tudo o que aquele tumor trouxesse.
Em 2019, eu era colega de trabalho da Nicole Morás. Naquele ano, a Nic passou por muita coisa e também descobriu o câncer de mama. Não foi exatamente uma surpresa, porque ela era portadora da mutação genética BRCA1, o que significa que tinha mais chance de desenvolver a doença. A história da Nicole ficou bem conhecida na região depois que ela criou o perfil no Instagram @deumpeitoaberto.
O tanto que a Nicole trabalhou naquele ano não estava no Instagram, mas eu vi de perto. E ver ela trabalhando me fazia acreditar que sim, era óbvio, ela ia superar o câncer. E assim foi. De onde vem a força? Talvez da fé, da coragem, dos sonhos. Eu não sei. Mas ela existe. E o que eu também sei é que todos que rodeiam essa mulher precisam se nutrir da mesma força.
Às mulheres que enfrentaram ou estão enfrentando o câncer, fica o desejo de saúde plena. Tem muita coisa que eu ainda não sei, mas eu jamais duvido da força de uma mulher que deseja viver.