O segundo turno é como uma nova eleição. Assim os líderes das campanhas na região encaram a disputa do voto. No Vale do Taquari, o resultado de Onyx Lorenzoni (PL) no dia 2 de outubro é motivo de otimismo entre correligionários. Com o desempenho abaixo do esperado, diretórios do PSDB pela região buscam o contato direto com outras siglas para capitanear mais adesão.
As estratégias das campanhas partem de pressupostos distintos. No primeiro turno, o candidato Eduardo Leite foi o alvo dos demais concorrentes. O ônus por estar à frente do Piratini inclusive quase interferiu sobre a continuidade da candidatura. Por pouco o tucano não foi ultrapassado por Edegar Pretto (PT).
No outro lado, a proximidade do Onyx com o presidente e candidato a reeleição Jair Bolsonaro, foi uma das forças para os mais de 2,3 milhões de votos. Na região, nos 38 municípios, o nome do PL ao Piratini venceu em 33.
Dos 244.845 votos válidos para governador do RS no Vale, Onyx teve 96.847 (39,1%). Já o segundo lugar no Estado também foi o segundo mais votado na região. Eduardo Leite fez 57.771 votos (23,6%).
“Por onde ele esteve, resolveu problemas”
A votação expressiva do ex-ministro de Bolsonaro na região parte do desempenho de Onyx Lorenzoni no governo federal. É o que afirma o presidente do PL em Lajeado, e um dos coordenadores da campanha no Vale, Luís Augusto Mörschbacher.
“Contamos com a confiança do povo gaúcho. O Onyx passou por ministérios e somou a capacidade que tem. Por onde ele esteve, resolveu problemas. Isso fez com que os eleitores vissem a competência dele. Por isso será o novo gestor do Estado.”
De acordo com ele, o apoio de outros partidos e eleitores têm vindo de forma natural. “Tanto prefeitos quanto filiados em outros partidos nos procuram para dizer que estarão com Onyx. Inclusive de pessoas que estão na base de Leite.”
Na avaliação de Mörschbacher, propostas equivocadas do ex-governador, como a tentativa de concessão das rodovias do Vale, também pesam contra o adversário. “A população regional respondeu com os votos. Não precisamos ser especialistas para saber onde estão os erros desse governo.”
O crescimento do PT, quase no segundo turno, era previsto pelo PL, afirma Mörschbacher. “Sabíamos que o embate nacional viria para a disputa ao Estado. Inclusive tínhamos a previsão de um segundo turno entre Onyx e Pretto 14 dias antes da eleição. Se não fossem as pesquisas mentirosas, a disputa seria PL e PT também no RS.”
Para Mörschbacher, o funcionalismo que votou contra Leite no primeiro turno e que foi com Edegar Pretto, agora escolherá Onyx. “Os servidores estaduais foram muito prejudicados pela gestão do PSDB. Militares e professores virão com mais força agora.”
“Todo mundo quer resolver. Mas não dizem como ”
Presidente do PSDB em Lajeado e uma das coordenadoras da campanha de Eduardo Leite na região, a vereadora Paula Thomas, ressalta que a preferência dos eleitores locais no adversário indica a necessidade de atuação incisiva da sigla para esse segundo turno.
“Reverter esse resultado não é simples. Estamos em contato direto com representantes de outros partidos para buscar mais apoio. A grande polarização entre Lula e Bolsonaro no país interferiu no voto interno”, acredita.
A estratégia tucana para este segundo turno, diz Paula, se sustenta no que o RS precisa em termos de políticas públicas para sanar problemas estruturais. “Todo mundo quer resolver. Mas não dizem como fazer. O Eduardo sabe o que é preciso. Temos propostas para solucionar os problemas.”
Sem abrir preferências entre os candidatos à presidência da República, a campanha de Leite tenta se afastar da polarização. “Indiferente de quem ganhar lá em cima, é preciso saber o que fazer no nosso estado. Ao longo do governo, o Eduardo sempre conseguiu manter o diálogo, indiferente da corrente política. Sentamos com o Psol, com o PT e com o MDB, que era oposição, e agora está do nosso lado.”
Sobre o expressivo crescimento do nome do PT, Edegar Pretto, na reta final da campanha, Paula descarta a ideia de que houve acomodação da campanha de Leite. “Não acredito que houve isso. O Eduardo esteve em diversas regiões para conversar com as pessoas. Inclusive no debate aqui no Vale do Taquari. Agora, ter corrido risco de não ir ao segundo turno foi uma amostra de que não existe campanha ganha.”