A cada nova eleição geral é assim. Finalizadas as apurações das urnas, e uma pequena ala mais histérica (e preconceituosa) da direita nacional passa a atacar o povo nordestino, cuja maioria da população apoia historicamente os candidatos que são mais alinhadas à esquerda. Nas redes sociais, as manifestações são ainda mais descabidas e asquerosas.
Por outro lado, e também nas redes sociais, muitos eleitores de Jair Bolsonaro passaram a criticar de forma veemente os ataques aos nossos irmãos do nordeste. São eleitores mais astutos. Eles percebem que o crescimento do “bolsonarismo” no nordeste é uma realidade. Neste pleito, por exemplo, o presidente aumentou em 1,3 milhão o número de eleitores naquela região.
Campanha, emendas e o chapéu
Vereador em Estrela, Tiago Lehnen (PSD) utilizou o espaço na tribuna para criticar um artigo publicado pelo Grupo A Hora. Não sei por qual razão, ele omitiu o nome de quem assina o artigo. Optou pela pávida insinuação. Mas, e de acordo com o conteúdo questionado, suponho que se refere ao meu texto sobre a falta de representantes do Vale do Taquari nos parlamentos estadual e federal. Ele não gostou de ser atrelado à crítica sobre a maquiavélica prática aplicada por vereadores, que insistem em fazer campanha para candidatos de fora. Para ele, prefeitos e vereadores não são culpados pela nossa pouca representatividade.
“Chicó”, como é conhecido o vereador, confirmou em plenário que fez campanha para o deputado federal Danrlei (PSD), o ex-goleiro do Grêmio, e cujo domicílio eleitoral fica em Porto Alegre. “Chicó” afirma que não recebeu dinheiro público para ajudar na reeleição do parlamentar. É curioso. Em momento algum, eu ou qualquer outro jornalista do Grupo A Hora afirmou que ele havia recebido recursos públicos para fazer campanha para Danrlei. Citei, e reafirmo minha opinião, que tal prática existe em diversas câmaras. E relembro que as famigeradas emendas parlamentares também envolvem recursos públicos.
Um mapa vergonhoso
O Rio Grande do Sul é dividido em 28 Coredes, os chamados Conselhos de Desenvolvimento Regionais. E apenas quatro não conseguiram eleger um só representante para os parlamentos estadual e federal. Entre esses, o nosso pujante Vale do Taquari, que já emplacou a segunda eleição geral seguida sem obter êxito por parte dos candidatos locais.
É um cenário vergonhoso para uma região tão próspera, polo dos setores leiteiro e ervateiro, e berço de grandes empresas, universidade e cooperativas. E, desde já, precisamos iniciar uma nova campanha com vistas a 2026. Não podemos passar em branco pela terceira vez.
Costuras políticas
A terça-feira foi movimentada nos bastidores. O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) confirmou apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora não tenha citado o ex-presidente durante sua manifestação de apoio.
O MDB ventila liberar alguns representantes para apoiar Lula. Entre eles, a senadora Simone Tebet. É claro que isso não significa um apoio maciço por parte destas siglas. Mas é um indicativo de problema para a campanha de Jair Bolsonaro (PL). Por outro lado, o atual presidente também costura alguns apoios. Entre esses, destaque para os suportes já anunciados de Romeu Zema (Novo), governador reeleito de Minas Gerais, e do ex-juiz, ex-ministro e agora senador pelo Paraná, Sérgio Moro (União Brasil).
Mais pesquisas
As pesquisas estão no centro das atenções. A discrepância entre os últimos levantamentos e os números verificados nas urnas comprometeram a credibilidade de alguns institutos. Mesmo assim, veículos de comunicação garantem votos de confiança para as referidas instituições. Nesta semana, por exemplo, e de acordo com informações protocoladas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), serão divulgados os levantamentos feitos pelos institutos Datafolha, IPEC, Poder Data, Paraná Pesquisas, Quaest e Futura.
• Presidente do Codevat e ex-vereador pelo PT, Luciano Moresco concedeu entrevista ao Grupo A Hora e lamentou a ausência do Vale do Taquari na composição da Assembleia. Por outro lado, correligionários do PT afirmam que o próprio Moresco teria feito campanha para candidato de fora. Ele nega. “Participei de live a convite do Maneco”, relembra. “Por respeito à minha função no Codevat, não usei adesivos e não fiz campanha abertamente”, reforça.
• Hoje à tarde o PT do Rio Grande do Sul deve definir a estratégia para o segundo turno. A tendência natural era um apoio velado ao candidato Eduardo Leite (PSDB), como forma de frear o avanço da direita mais conservadora no Estado. Entretanto, a relação ficou estremecida após o presidente estadual do PSDB, Lucas Redecker, abrir voto para Jair Bolsonaro (PL).
• Ainda sobre o PT, o vereador Sérgio Kniphoff (PT) já é cogitado como possível candidato a prefeito de Lajeado em 2026. Da mesma forma, e após o teste no pleito geral do dia 2 de outubro, Gláucia Schumacher (PP) também se credencia para disputar a chefia do Executivo.
• Felipe Diehl (PL) foi procurado por líderes pluripartidários para criar um comitê local em Lajeado para a campanha de Jair Bolsonaro (PL) e Onyx Lorenzoni (PL). O espaço deve reunir representantes do Podemos, União Brasil, Progressistas, Republicanos, MDB, e até do PDT.
• A cena protagonizada na semana passada pelo suplente de vereador Mozart Lopes (PP) ainda repercute nos bastidores da câmara de Lajeado. No plenário, ele vestiu camiseta da seleção, com adesivos de candidatos, e compartilhou um vídeo/áudio falso contra o ex-presidente Lula. Diante dos fatos, e da inércia na casa legislativa, o vereador Sérgio Kniphoff (PT) confirma uma representação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra o Progressista.